quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Que venha 2010


Oi gentes, blz?
Esse é o último post de 2009. E o que dizer hoje?
Primeiro quero agradecer a todos por fazerem parte da minha vida, me ensinando, me ajudando e me dando tanto carinho. Isso é bom pra caramba!
Vem aí um novo ano: 2010.
Muita gente já separou a roupa pra passar a virada, com a cor da sorte e seus patuás.
Eu não consigo parar de pensar nas mudanças que vão acontecer nesse ano que está por vir.
Na verdade, bem na verdade, nada muda, afinal, os dias continuarão tendo 24h, o mês 30 dias e o ano 365 dias. Eu vou continuar sendo eu e você continuará sendo você.
Mas é incrível como um dia no ano, regado a champagne e fogos de artifício mexe com todo o mundo, com aquilo que queremos pra gente.
E aí nos perguntamos: como será o amanhã?
O seu amanhã eu não sei, mas o meu, tenho certeza de que será muito feliz. Como tenho essa certeza? Aprendi que não importa a rasteira que a vida nos dá, o importante é levantar e seguir em frente com um sorriso no rosto e sem mágoas.
Me sinto feliz por entrar 2010 sem mágoas, rancores e tristezas, apenas com amor e felicidade no coração.
2010 será um ano de muitas possibilidades, porque, como já disse por aqui, o impossível só existe na cabeça dos acomodados.
Vou deixar, como "mensagem de final de ano" um pedaço de uma música que eu gosto muito e sempre lembro nessa época do ano:
"Viver! E não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...
Eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será

Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita...
E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento?

Ela é alegria ou lamento?O que é? O que é?Meu irmão...
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota, é um tempo que nem dá um segundo...
Há quem fale que é um divino mistério profundo, é o sopro do criador numa atitude repleta de amor...
Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder, ou quiser...
Sempre desejada por mais que esteja errada ninguém quer a morte

Só saúde e sorte..."

Em 2010 seja o ator principal da sua vida. Lembre-se que depende de você, e só de você ser mais feliz ou mais triste no ano que está por vir. Não culpe os outros pelas suas frustrações, decepções ou tristezas. Não use uma doença como desculpa para não viver.
Não importa se você não é o galã lindo e saudável. Às vezes, o papel que você acha que é secundário é o mais importante para a história. E se você se esforçar, pode ter mais sucesso na empreitada do que aquele que é saudável e nada faz.
Uma boa virada de ano para todos nós!
E que 2010 chegue logo, com tudo o que tem para acontecer e tudo o que nós vamos fazer acontecer!
Até segunda-feira!
Bjs

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Hoje é o dia

Oi gentes, blz?
Fim de ano, a gente começa a pensar em planos e promessas para o ano que vem. Eu acho isso uma atividade difícil de se fazer.
Numa das entrevistas pro mestrado, uma professora me perguntou: o que você se imagina fazendo nos próximos 10 anos?
Nossa senhora, eu, que estava tão confiante nas respostas, parei pra pensar. Fui muito sincera ao dizer que a vida me ensinou a viver um dia por vez, fazendo o que eu posso fazer hoje.
Claro que eu sonho com o futuro, que eu me organizo e faço planejamentos. Mas meus planejamentos são pra esse mês e mês que vem. Em 10 anos muuuuuita coisa pode acontecer. Como eu respondi a ela, não tenho o dom de prever meu futuro, só o de sonhar com aquilo que eu quero.
Desde o meu diagnóstico, entendi que eu poderia precisar de mais tempo pra terminar o colégio, pra fazer a faculdade, pra começar a trabalhar.
Eu sou uma chata com organização e planejamentos. Mas, ao mesmo tempo que esquematizo tudo, me desapego facilmente desse planejamento caso seja necessário.
Não foram poucas as festas que deixei de ir, as viagens que deixei de fazer e tantas outras coisas que tive de deixar de lado. Aprendendo a ser feliz com o que me era dado.
Viagens, estudos, livros, trabalhos, tudo pode esperar para que eu cuide da minha saúde.
Em 10 anos eu posso estar curada, assim como posso estar mais estropiada. Vai saber.
Eu vivo o hoje. Sou feliz hoje. Faço o que preciso hoje.
O que eu já fiz, tá feito. Não adianta querer voltar atrás, se lamentar ou querer ser feliz com momentos bons do passado. Amanhã não sei nem se vou acordar. Mas hoje, hoje é o dia certo pra eu fazer o que quiser.
Até amanhã!
Bjs

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O amor que cura

Oi amigos, blz?
As festas de fim de ano cansam, mas são ótimas, não acham?
Essa bagunça de família reunida, todo mundo falando ao mesmo tempo, contando histórias que todos já escutaram, tirando histórias do fundo do baú, etc.
Como contei pra vocês, na noite de natal, em volta da mesa, costumamos agradecer por alguma coisa boa que nos aconteceu no ano. Quando chegou minha vez, lógico que já estava chorando, mas fiquei pensando nas coisas boas que tive.
Jesus, como foi cheio de coisas boas esse ano. Meu esforço foi reconhecido, minha família está com saúde, todos estão felizes e unidos, consegui voltar a andar sem bengala, voltar a fazer exercícios e também fiz queridos amigos aqui no blog.
Nossa, como eu tenho a agradecer.
Mas, no fundo no fundo, vimos que todos nós agradecemos pela família. Como disse meu tio, a casa da vó é um ponto do luz da família. É onde nos unimos para ganhar energia para passar o resto do ano.
Não, não existe nenhuma fonte de energia mística na casa da vó. A casa em si não tem nada de especial. O que nos faz tão bem, o "ponto de luz" são as pessoas. É o amor que nos envolve.
Muitos dos leitores do blog são pais, mães, irmãos, tios, avós de pessoas com EM. Pessoas que procuram aqui uma forma de entender melhor seus familiares que tem a mesma pereba que eu.
Eu imagino que não deve ser fácil entender a gente, entender as nossas dores, nossos sentimentos. Mas acho que não é fácil entender os sentimentos de ninguém, com ou sem pereba. Hoje eu quero dizer apenas que, ao se preocuparem, ao tentarem entender, ao fazer o esforço para ajudar, vocês já estão fazendo uma grande coisa.
Infelizmente carinho de mãe não tira a dor, mas a torna mais suportável. O carinho da família e amigos não cura, não tira o sofrimento duma pulsoterapia, não elimina a doença, mas faz com que tudo isso seja muito menor e muito menos importante do que viver.
Quando a gente tem alguém que amamos e que nos ama de verdade, temos um motivo para levantar e seguir em frente. Temos um motivo pra não desistir do tratamento, para não desistir de viver.
Quem ama cuida e se preocupa. E o amor da família com certeza é um ótimo remédio.
Correndo o risco de ser piegas: não deixe de demonstrar o seu amor nunca.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal!

Oi amigos, blz?
Vocês já viram que amanhã é véspera de Natal? Eu sei que todo mundo diz isso, mas, credo, como o tempo passa rápido.
Eu queria poder dar um presente pra cada um de vocês, mas não posso por questões físicas e econômicas.
Também queria saber escrever aquelas histórias lindas de Natal, que emocionam e aquecem o coração. Mas acho que não faço isso lá muito bem. Mas posso contar um pouquinho do que é o natal pra mim.
Só sei que natal é tempo de comemorar o amor. Não interessa se você é cristão ou não, quem vive no mundo ocidental acaba, de alguma forma, comemorando o natal. E tudo bem né, afinal, celebrar o amor, a união e a família não faz mal pra ninguém, independente de sua crença.
Eu confesso que adoro o Natal. A festa, a correria, a comilança, a família inteira em volta da mesa cantando Noite Feliz, etc. E pensando bem, é a única data comemorativa que a EM não estragou. Nunca tive surto em natal. Isso já é um presente.
Já estou ansiosa por chegar na vovó amanhã, comer seus quitutes (que não são poucos) e trocar presentes. O mais engraçado é que aqui em casa os adultos sempre fizeram amigo secreto. A criança mais nova que passa o natal na vó sou eu, uma menininha de 23 aninhos. Mas, segundo minha avó, as "crianças" não podem entrar no amigo secreto e com avó não se discute! ehehehe
Gosto tanto dessa bagunça que as vezes, paro de falar (sim, todas as mulheres falam ao mesmo tempo e muito rápido) e fico olhando aquela movimentação. É a única barulheira que me deixa mais feliz do que incomoda.
Minha avó começa a servir salgadinhos deliciosos assim que a gente chega, aí pelas 5 da tarde e só para na hora da ceia. A gente olha o peru com uma certa tristeza, porque não há espaço pra mais nada. Mas acho que no natal nossos estomâgos ficam maiores, porque comemos o peru e ainda um pedaço da fantástica torta de morango. Ufa! Me sinto cheia só de falar.
Mas mais do que cheia de comida, fico cheia de felicidade. É no natal também que nos reunimos em volta da mesa para celebrar o amor em família, para agradecer os momentos bons que tivemos no ano e os ruins também, porque aprendemos com eles. É o momento em que agradecemos por fazer parte da nossa família e por termos a presença de todos que amamos ali, naquele pequeno espaço. Como somos cristãos, agradecemos o nascimento de Jesus e, principalmente, a mensagem de amor que ele nos deixou.
Sim, é nesse momento que eu fico parecendo um panda, porque eu choro mesmo e a maquiagem borra. Sou uma manteiga derretida e me emociono em ver todos ali, saudáveis, bonitos e unidos. Não tem dinheiro no mundo que pague a presença da minha família na minha vida. Nenhum remédio pra EM funciona melhor que o amor, a compreensão e o carinho dessa família linda que eu tenho.
E como, hoje tenho todos vocês dentro do meu coração, lembrarei de todos nessa hora de oração, de agradecimento, de puro amor.
Nenhum presente é melhor que a amizade de pessoas que estão tão longe e ao mesmo tempo tão perto. Nenhum presente é melhor que uma mensagem de uma esclerosada dizendo que tomou coragem pra voltar a estudar depois de ler o blog. Nenhum presente é melhor que emails de mães de esclerosados dizendo que eu as ajudo a entender seus filhos. Sim, isso tudo faz bem pro meu ego, mas faz um bem maior pro meu coração.
Os próximos dias serão dedicados a minha família, e sugiro que vocês façam o mesmo.
Que na noite de natal uma estrela de amor e esperança brilhe na vida de cada um de vocês.
Esse é o meu desejo de natal a todos!
Feliz Natal!!!
Até mais!
Bjs
Em tempo: não citei o Papai Noel porque ninguém mais se veste de bom velhinho aqui em casa. Mas adoro a figura do velhinho rechonchudo que faz o bem. Algumas pessoas veem o papai noel como símbolo do consumismo do natal, eu vejo ele como mensageiro do bem. Viva o Papai Noel, Ho, Ho, Ho!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mais um presente de natal

Oi gentes, blz?
Como vocês já sabem, já ganhei meu super presentão de natal. Mas além de passar no mestrado, outro evento também está sendo um presente pra mim.
Lembram que contei aqui sobre a Lak, que ela ia colocar implante coclear e coisa e tal? Pois ela ativou o implante na semana passada e eu preciso dizer que os textos dela sobre as sensações desse mundo novo e sonoro é um presente por dia.
Não, não a conheço pessoalmente, mas sinto como se conhecesse, a adoro e tenho ela nas minhas orações. O fato de ela ativar o implante e começar a escutar alguns sons é para mim um sinal de esperança.
Existem pequenas conquistas no mundo dos estropiados que só a gente mesmo entende. Deve ser engraçado pros outros eu achar o máximo conseguir me servir sozinha de refrigerante de 2 litros com um braço só. Parece bobagem, mas pra mim é o máximo.
Eu gostaria de ter uma cura, mas não a espero. Espero sim uma evolução em tratamentos e formas de viver com maior qualidade tendo EM ou qualquer outra doença ou deficiência. O implante da Lak é a prova de que essa evolução pode acontecer.
Agora a Lak ainda não está ouvindo todos os sons ou os distinguindo (ainda Lak, só ainda), mas tenho certeza que qualquer som que ela escute deve ser uma felicidade imensa.
Os textos da Lak são todos ótimos, mas esses últimos, depois da ativação, tem sido um presente pra todos nós que sonhamos com uma "salvação", com algo que suma com nossos sintomas, etc.
Para mim, ler sobre as novas descobertas da Lak é como curar um pedacinho da minha doença. Confesso que não consegui ler nenhum dos textos sem ficar com lágrimas nos olhos, com o coração batendo mais forte.
E quero dizer Lak, muito obrigado, por dividir conosco essa tua experiência. A tua história é para mim (e acredito que para muita gente) um grande presente de natal.
Até amanhã!
Bjs

Em tempo: não deixem de ler o blog da Lak: http://desculpenaoouvi.laklobato.com/

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Que nem pinto no lixo

Oi amigos, td bem?
Não há nada, nem ninguém, nem doença alguma que tire meu sorriso do rosto hoje.
Queridos amigos, parceiros e pessoas queridas que torcem por mim, hoje quero partilhar com vocês a minha alegria de ser selecionada no mestrado de comunicação social da PUC aqui do Rio Grande do Sul.
Quem me acompanhou nos últimos meses, sabe o quanto estudei, batalhei e sonhei com esse momento.
Para alguns pode parecer bobagem, ou pouca coisa, mas eu sei o quão difícil foi e o quanto valeu a pena.
Ontem mesmo, antes de saber o resultado, comentava com a minha mãe o quanto estava me incomodando as perguntas das pessoas sobre o que eu to fazendo. Porque? Porque a maioria das pessoas, ao saber que estou estudando em casa me diz: mas porque tu não trabalha? porque tu não faz concurso público? E mais um monte de sugestões furadas.
Eu respondo, com a calma e paciência que deus me deu: porque não é o meu sonho!
E obviamente, porque mamãe me viabiliza a busca desse sonho (alguém tem que pagar as contas, porque de amor e sonho não se vive).
A maioria das pessoas não entende que terminar o colégio foi difícil, fazer uma faculdade foi duro e agora, fazer um mestrado será uma grande realização. Mas não tem problema.
Além de dividir com vocês minha felicidade, quero dizer que sonhar é bom, correr atrás dos sonhos é saudável, e dane-se aqueles que falam que você não vai conseguir, eles não conhecem seu potencial, força e vontade.
Já ganhei meu presente de natal. Como dizem por aí, tô feliz que nem pinto no lixo.
Até amanhã!
Bjs

sábado, 19 de dezembro de 2009

De onde veio minha EM?

Oi amigos, blz?
Sempre que falo pra alguém que tenho EM, me perguntam se eu sei o que causou. Deve ser assim também com você.
Bom, nem os maiores estudiosos da doença sabem o que a causam, não vai ser eu que vou saber.
A segunda pergunta que me fazem é se alguém da família também tem. Bom, acredito que vivo não tem ninguém.
Sabemos que quem tem alguém com doença neurológica na família (qualquer uma), maior probabilidade de ter uma doença neurológica também.
Aí perguntam se não tem a ver com a deficiência mental da minha irmã. Bom, graças a Deus a saúde física dela é perfeita. E depois de virar ela do avesso com exames, sabemos que ela não tem nadica de nada de doença física, neurológica ou genética.
Mas, entretanto, todavia, contudo, tem uma história que me faz crer que sim, teve gente na família com EM.
Meu avô conta que a mãe dele era muito cheia de "caprichos" e que o pai dele fazia todas as vontades dela, porque ela era meio "preguiçosa". Aí, com o tempo, ela foi ficando fraquinha, daí não levantava mais, não comia sozinha, ficou dependente do meu bisavô até a sua morte.
Sentiu né, que a preguiça e a dependência dela é muito parecida com a evolução da esclerose múltipla em alguém que não faz nenhum tratamento.
Claro, lá no Imaruí, interior de Aratingaúba (SC) em mil novecentos e guaraná de rolha, não tinha ninguém com conhecimento pra diagnosticar e tratar alguém com EM.
Mas, sinceramente, pouco me importa se tinha ou não alguém na família com EM. Claro, eu sei que é bom saber pro histórico médico. Mas pra minha vida não faz diferença.
Vou continuar tendo EM sabendo dessa história ou não. Vou continuar vivendo e sendo feliz.
Mas, se satisfaz aos outros saber disso, aí está a história.
Um detalhe importante, é que se (porque não temos certeza) minha bisa tinha EM mesmo, ela teve um filho que é o primeiro homem da minha vida que eu amo demaaaais, meu vovô Manoel. E mais, o cuidado que meu bisavô teve com a minha bisavó foi um exemplo de amor e dedicação que meu avô seguiu e nos ensinou.
Então, não me importo se a EM veio na genética, o importante é que eu vim pra essa família, cresci e vou vivendo muito feliz.
Bom findi!
Até segunda-feira!
Bjs

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Salvar o planeta pra salvar minha pele

Oi gentes, blz?
Todos já devem ter visto pelo menos uma matéria jornalística sobre a COP15, que acaba hoje. Só pra esclarecer os mais perdidos, A COP15 é uma conferência promovida pela Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima, realizada do dia 7 de dezembro até hoje, que reuniu as principais lideranças do mundo pra ver se eles fazem um acordo sobre emissão de gases e outras questões ambientais.
Bom, acontece que os tiozinho ficaram lá em Copenhague esses dias todos, se reunindo pra discutir o aquecimento global e acabou que não decidiram nem assinaram nada. Eu não desejava, mas já esperava que isso acontecesse.
Questões políticas e econômicas à parte (aqui não é lugar pra discutir isso), me preocupo mesmo é com o futuro do planeta e, consequentemente, o meu futuro. Não sou ambientalista ou militante da causa ambiental, mas tem coisas que devemos ficar atentos, por uma questão de sobrevivência.
Que o mundo está virando O caos, todos nós sabemos, vemos e sentimos na pele. E é aí que meu "egoísmo" se transforma em preocupação com a humanidade. Sigam meu raciocínio:
O Brasil tem sido destruído por chuvas, inundações, ventos e tornados. Aqui no Sul, a coisa tá feia mesmo. Já pensou o que é que faz um esclerosado no meio dum desastre ambiental desses? A gente morre. Afinal, como vamos sair correndo pra se salvar? Ou nadar contra a correnteza? Ou se segurar pro vento não levar?
Viu só. Me preocupo com isso quando vejo essas desgraças na TV. Se eu estou na beira da praia e avisam está vindo um Tsunami, vou deitar na areia e rezar pra não sentir dor, porque correr não dá.
Então, ao me preocupar em salvar a minha pele, me preocupo com a busca de soluções pra essas catástrofes, e em salvar a pele dos outros também.
Não quero viver num mundo com temperaturas altíssimas, afinal, 30 graus já é horrível pro meu corpitcho frágil.
Também não gostaria de viver num mundo sem pinguins. Eles são bichinhos tão simpáticos e alegrinhos. E os ursos polares então? Nunca vi um, mas parecem ser lindos.
E tem mais uma coisa, ainda não conheci a Amazônia e não quero chegar lá e ver um deserto. Então gentes, vamos tentar fazer a nossa parte já que os tiozinho que mandam no mundo não fazem a deles.
Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Escolhendo o presente do esclerosado

Oi amigos, blz?
Estamos muito próximos ao Natal, todos comprando presentes e pensando: o que vou dar praquele meu amigo, parente, etc. que é meio malacabadinho?
Claro, tem gente que tem o dom de dar presente ruim. Mas tem outros que dão algo com a maior das boas intenções, mas pra um portador de EM é um desastre.
Então, hoje vou dar algumas dicas do que NÃO dar de presente pra um portador de EM, tirando por base as minhas dificuldades e de algumas pessoas que conheço.
1. Bonequinhos que fazem barulho
Sabe aqueles bichinhos super fofos que fazem barulho, cantam, dançam e fazem estripulias quando alguém passa na frente? Pois é, eles podem ser fofos. Mas não se esqueçam que esclerosados quase sempre tem problema de cognição e muito barulho atrapalha até o senso de localização da gente. Eu já falei que fico zonza em lugar com muita gente falando e talz né? Esses bichinhos tem o dom de me deixar zonza (fora o tanto que conseguem ser irritantes).
2. Sapatos de salto alto
Sim, o sapato pode ser belíssimo, mas a maioria das meninas esclerosadas mal consegue ficar de pé, quanto mais usar um salto e se equilibrar em cima dele.
3. Coisas sobre doença
Livros, vídeos, etc. que falem sobre doenças e EM em especial. Nós já passamos o ano inteiro tendo a dita cuja da doença e lendo tudo sobre ela. Na noite de Natal temos direito de abrir pacotes de presente e comer peru sem se preocupar com a EM, não acham? Então, material sobre doença, só se o esclerosado pedir.
4. Livros de ajuda
Esse item é um pouco polêmico, afinal, tem gente que gosta desses livros de ajuda. Mas eu tenho a impressão de que, quem dá esses livros pra quem tem alguma doença, espera que a pessoa se cure lendo o livro. E pior, mostra que quando foi comprar o presente não lembrou da pessoa, lembrou da doença dela.
5. Objetos que curam
Sim, você que é esclerosado já deve ter ganhado algum objeto que ajuda na cura, tipo uma pedra mágica, um duende fantástico, uma bruxinha protetora da saúde... Esses objetos tem o mesmo problema dos livros de ajuda, mostram que a pessoa lembrou da doença antes de lembrar da pessoa.
6. Vídeos de ginástica
E qualquer coisa ligada a exercícios físicos. A gente não faz exercício porque não consegue, não porque não quer ou não gosta de sair de casa. Já basta a nossa consciência nos cobrando coisas que deveríamos fazer se pudéssemos. Eu sei que seria um presente "incentivador", mas não se preocupem, quando pudermos, vamos fazer uma caminhada leve. Se me dão um negócio desses eu atiro na cabeça de quem deu.
7. Objetos que lembrem sua incapacidade
A menos que você seja muito íntimo da pessoa e ela tenha lhe pedido uma bengala, por exemplo, é melhor não ficar lembrando até no presente de natal as suas incapacidades.
8. Bebidas
Esse é um presente que eu adoro, mas muitas pessoas com EM não podem beber nada alcoolico por causa de reações com remédios. (Mas pra mim pode dar até cachaça!)

Bom, esses são alguns que eu lembrei. Existem exceções, ou seja, pessoas com EM que podem gostar de alguma coisa dessas. Mas vamos combinar né, dá pra dar uma caprichada no presente esse ano. Eu sei que esses presentes são dados com boas intenções, mas dá pra combinar boa intenção com bom presente.
E você, qual sua dica de o que não dar pra um malacabado?
Eu dou mais duas dicas mais gerais, tiradas de experiências pessoais:
1. Não dê livros pra crianças com deficiência mental que não conseguem ler. Ao invés de fazer um favor, você estará fazendo ela se lembrar de uma incapacidade dela. E sim, eles ficam tristes com isso.
2. Dê brinquedo pra criança. Chega a doer olhar pro rostinho dos pequenos quando abrem o pacote e tem uma camiseta ao invés da boneca.

Boas compras!
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Lar, louco lar


Oi amigos, blz?
Em 30 dias fui e voltei 4 vezes à Porto Alegre e 2 vezes pra Florianópolis. Pelos meus cálculos fiquei dois dias e meio na estrada. E agora estou de volta ao meu lar, doce, louco e maravilhoso lar. Sim, foi cansativo. Mas mesmo que eu não entre em nenhum dos programas de mestrado que me inscrevi, valeu a pena.
Conheci muitas pessoas, aprendi muito e me diverti. Nessas idas e vindas, ontem aconteceu algo muito especial. Conheci uma leitora do blog.
Aconteceu mais ou menos assim: ela viu que eu iria à Porto Alegre, me mandou um e-mail, trocamos telefones e ontem, depois da entrevista, tive o prazer de conhecer a Letícia e tomar o melhor capuccino que já tomei na vida (quem for na Famecos tem que experimentar). Foi uma hora de altos papos com a minha mais nova amiga de infância...hehehe
Eu queria poder um dia conhecer cada um de vocês que lê, comenta e participa da minha vida através dessa maravilhosa tecnologia, a internet.
Mudando de mala pra sacola, hoje, tomando meu cafezinho depois do almoço e vendo o Jornal Hoje, vi uma notícia que infelizmente não foi uma surpresa: 61% dos novos médicos não sabem identificar sintomas da gripe suína. Quem disse isso foi o Cremesp, Conselho de Medicina de São Paulo, que aplicou uma prova de conhecimentos básicos a alunos do último ano de medicina. Essa prova não é obrigatória nem pré-requisito pra exercer a profissão. E tem baixo índice de participação dos alunos e escolas de medicina.
Aí, eles ficam dando a desculpa que só os alunos ruins foram fazer a prova. Mas então, já que todos os outros são tão bons, vão fazer esse tal exame e mostrar pra população brasileira que a gente pode confiar nossa saúde a vocês.
Eu já contei aqui da minha catapora que foi diagnosticada como sarna. E conheço outras histórias piores, em que o paciente correu risco de morte. Eu sei, existem ótimos médicos. É assim em todas as profissões. Existem profissionais bons e ruins. Mas como é que a gente vai saber quem é quem se não temos conhecimento na área?
Se eles não sabem identificar uma catapora, uma gripe e coisas simples e recorrentes, imagina só se vão saber o que é Esclerose Múltipla.
Parabéns aos médicos que exercem sua profissão de forma exemplar, preocupando-se com o paciente e com a vida alheia. Aos outros, por favor, não brinquem com a vida dos outros.

Até amanhã!
Bjs

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Compras de natal

Oi gentes, td blz ?
com essa correria toda de viagem pra cá, viagem pra lá, mesmo quando estou em casa me sinto "em trânsito". Acho que só vou conseguir estar e me sentir em casa e de férias na quarta-feira, depois da última entrevista.
Eu sei, vocês vão me pedir pra diminuir o ritmo, não me estressar, porque isso pode desencadear surto e aí, já viu o estrago. Mas tudo bem, a coisa tá corrida, eu estou um pouco cansada sim, com medo do que pode acontecer também, mas apesar de tudo, estou bem equilibrada psicologicamente. Quer dizer, equilibraaada mesmo é meio difícil. Mas digamos que estou no meu nível normal.
Bom, mas a correria nessa época do ano não acontece só comigo né. Afinal, todo mundo que enlouquece com essas idas a lojas e shoppings centers catando presente pra amigo secreto, irmão, pai, mãe, filho, sobrinho, cachorro, papagaio e periquito. E como todos aqui sabemos, esclerosado não pode ficar estressado de jeito nenhum. Porque normalmente stress = surto.
Quando eu "voltar" pra casa quarta-feira, vou começar a maratona dos presentes de natal. Mas aqui em casa a coisa é muito tranquila. Fazemos uma lista em casa de quem vai ganhar presente, o que vamos procurar pra quem e vamos direto na loja que tem exatamente aquilo que queremos. Se não achamos em uma ou duas lojas, paciência, a pessoa acaba ganhando uma camiseta mesmo, porque camiseta sempre tem em qualquer loja e nunca é demais. Em uma saída conseguimos todos os presentes e pronto.
Não entendo como tem gente que consegue ir em 200 lojas comparar preços, tamanhos e cores. Só de olhar as pessoas na rua e no shopping eu já me canso. Como já contei aqui pra vocês, eu fico completamente tonta em ambientes com muita gente e muito barulho. Então, sair fazer compras no domingo antes do natal pra mim é missão impossível.
Então minha gente, muita calma nessa hora. Lembrem-se que, mais importante que aquela lembrancinha de natal, é a sua saúde. Não vão sair que nem uns loucos atrás de presentes se é pra se sentir mal depois, cansados, fatigados, etc.
Bueno, hoje eu viajo novamente e volto amanhã de noite. E sim, quarta-feira estarei aqui de corpo e alma em casa, com a cabeça mais fria e mais condições de escrever e pesquisar coisas legais para todos.
Até quarta-feira!
Bjs

sábado, 12 de dezembro de 2009

Saúde do homem

Oi amigos, blz?
Hoje quero lembrar uma coisa aqui que vocês devem concordar comigo: a maioria dos homens não cuida da própria saúde.
Sim, tem homens que se cuidam e se cuidam muito bem. Mas é exceção. Tanto é verdade que homem não se cuida muito que o Ministério da Saúde fez uma campanha muito boa para mostrar pros meninos que eles devem se cuidar, ir no médico, prestar atenção à sua saúde.
Quantas vezes a gente não empurrou até a porta do médico nossos amigos, namorados, pais, etc? Muitas!
Os homens não percebem que nós, mulheres, vamos (ou pelo menos devemos ir) todos os anos, uma vez por ano no ginecologista. E lá, fazemos diversos exames (a maioria desagradáveis) e se algo está errado eles nos mandam pra um especialista. E assim a gente vai se cuidando, prestando atenção em cada dor de cabeça, cada cólica diferente, cada pedacinho do nosso corpo.
Já os meninos não. Acho que ainda existe aquela idéia de que macho que é macho aguenta a dor e não fica doente.... sei... a maioria dos homens que eu conheço tem medo até de agulha e choram que nem criança pequena pra tomar uma injeção.
Então, não sei se é medo, preconceito ou falta de vontade de procurar ajuda médica.
A maioria das pessoas (homens e mulheres) não percebem que a maioria das doenças não chega arrombando as portas e avisando que está destruindo tudo. A maioria das doenças chega de mansinho e vai comendo pelas bordas. Então, quando se percebe alguma alteração, por menor que seja, devemos ficar atentos e ir ao médico sempre que necessário.
Claro, não vamos ser neuróticos. Mas atentos sim.
Já imaginou se eu não procurasse o médico quando tive um simples formigamento no braço? E se eu não voltasse ao médico quando aconteceu isso novamente? Vai saber como seria a evolução da minha EM.
Gente, com saúde não se brinca. Ir no médico não é perda de tempo. Claro, eles erram, fazem a gente ficar esperando horas na sala de espera e às vezes nos fazem de bobo também. Eu sei. Já passei por isso. Mas ainda prefiro arriscar e ir lá que ficar em casa na dúvida.
Não vamos perder o melhor da vida. Vamos nos cuidar.
Deem uma olhada no vídeo aí embaixo. Principalmente os meninos teimosos:



Bom findi!
Até segunda-feira!
Bjs

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Remédinho na boca?

Oi gentes, blz?
Estou bem melhor hoje. Bom, como falei ontem, vi algumas novidades sobre EM.
Uma delas, que achei bastante promissora é a notícia sobre o avanço nas pesquisas de medicações via oral para Esclerose Múltipla.
Sim, seria o fim das picadas de agulha.
Tenho acompanhado algumas pesquisas em tratamentos e medicações para EM, por interesse próprio (óbvio) e pra poder contar pra vocês aqui também. Claro, não consigo acompanhar tudo que tem sido pesquisado por falta de tempo e vontade de ficar colada na internet. Mas agradeço a todos que me mandam matérias sobre EM. Estou indo atrás desses conteúdos.
Mas vamos voltar a medicação oral.
Mais uma vez, a competição de mercado vem ajudar o consumidor, e dessa vez, os consumidores somos nós, esclerosados desse mundão. Os laboratórios Merck e Novartis estão numa corrida super veloz para ser o primeiro a lançar uma medicação via oral para Esclerose Múltipla. O Cladribine, desenvolvido pela Merck, não foi aprovado pela FDA (agência nacional de saúde dos EUA), então, provavelmente, vai demorar mais a ter aprovação e ir ao mercado.
Mas, a Novartis conseguiu maior avanço nas pesquisas de seu novo imunomodulador, o Fingolimod FTY720.
As duas medicações apresentaram um bom resultado em pesquisas com pessoas com esclerose múltipla do tipo surto-remissão. Segundo seus estudos, as pessoas que tomaram essas medicações tiveram redução nos sintomas diários como a fadiga e tiveram uma diminuição considerável no número de surtos durante o tratamento.
Como nenhum dos dois agem como os interferons, serão, além de um tratamento via oral, que é muito mais prático e menos traumático, uma alternativa para aqueles que, como eu, apresentaram piora e sintomas alérgicos com os interferons.
Qual será o primeiro medicamento pra EM via oral? Não sei.
Quando estará no mercado? Também não sei.
Só sei que as pesquisas são promissoras e não estão estagnadas. Todos os dias vemos novas descobertas que podem melhorar a qualidade de vida de todos que tem EM.
Bom né gente?
Quem quiser ler mais sobre as pesquisas e aspectos técnicos dos medicamentos, acessem o site do Multiple Sclerosis Resource Centre: http://www.msrc.co.uk/
Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Menina enjoada

Oi amigos, blz?
Hoje eu não to muito boa não. Viram que não escrevi nos últimos dois dias né?
Pois é, a Unisinos me chamou pra entrevista e esses dias foram uma correria de ir pra Porto Alegre, ir pra entrevista, voltar pra Passo Fundo... E no meio de tudo isso, consegui uma virose ou intoxicação alimentar. Fiz uma lambança no carro (detalhe: vim de carona e fiquei morrendo de vergonha. Nunca vomitei em viagem, tinha que fazer isso no carro dos outros né). Quando cheguei só consegui tomar um banho, vomitar o resto de qualquer coisa que tinha aqui dentro e deitar e aproveitar minha febre.
Fui dormir as nove da noite e acordei hoje de meio dia. Muuuito melhor que ontem, sem febre e consegui comer um arrozinho com feijão. Acho que até o final do dia vou estar quase 100%.
Bom, mas perebices à parte, tenho novidades. A UFSC já deu o resultado do mestrado e parece que não os agradei muito, afinal, não me selecionaram. Mas a peleia continua, fiz ontem entrevista na Unisinos e terça-feira que vem volto à Porto Alegre pra entrevista na PUC.
Espero que algum desses me queira. Ah se eles soubessem o quanto eu amo estudar!
Nesses últimos dias também me contaram coisas novas sobre EM, mas antes de eu falar aqui, tenho que apurar os fatos.
Vou voltar pro meu sofá e meu copo de coca-cola (é a única coisa que eu tomo e não dá enjoo). Mas amanhã eu to de volta.
Até amanhã!
Bjs

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tô de volta e é dia de festa!

Oi amigos, blz?
Nossa, estava com saudades dessa horinha na frente do pc, escrevendo minhas "aventuras" para mim e pra vocês. Quando escrevo sinto como se estivesse conversando com cada um que lê, mesmo sem conhecer a maioria.
Por falar nisso, tive uma super feliz surpresa no meu retorno pra casa: 101 seguidores.
Uau! 101 pessoas me "seguindo", lendo as minhas bobajadas, comentando, perguntando, me ajudando todos os dias.
Quando criei o blog imaginei que teria leitores, mas 101 seguidores é o máximo!
Por isso, hoje é dia de festa!!!! Não é todo dia que se tem 100 pessoas lendo seus textos né. Quer dizer, pro Veríssimo isso é mixaria. Pra mim é uma glória...hehehehe
Ficar uma semana sem escrever é complicado. Os assuntos se misturam no meu cérebro e eu tenho vontade de contar tudo ao mesmo tempo. Que nem criança pequena quando chega da escola e fala, fala, mas a gente não entende nada.
Mas não vou entupir vocês com histórias.
Nessa semana em que fiquei fora não descobriram a cura pra EM né? Que pena.
Mas eu vi uma campanha muito legal do dia mundial da luta contra a aids que vale a pena ser lembrada.
O slogan dizia: Viver com HIV é possível, com preconceito não!
E o que eles reforçaram nos vídeos da campanha? Que os portadores do vírus e/ou da doença devem dizer que tem a doença, encarar o mundo de frente para que acabe a ignorância do povo e assim, acabe o preconceito.
Há alguns dias, a Giane, leitora aqui do blog, disse o seguinte: "a única coisa que me deixou chateada foi que ela falou para eu não dizer nada a ninguém porque as pessoas não entendem direito este tipo de doença... e desde setembro vivo meio na clandestinidade, escondendo das pessoas que me cercam o motivo de tantos exames... é chato"
Ela está falando do diagnóstico de EM e "ela" é a médica que a atende. Que coisa mais absurda dizer pruma pessoa esconder o que ela tem dos outros. Além da angústia pelo diagnóstico, tem a angústia de não ter como dividir isso com alguém. Doutora, essa atitude não foi legal!
As pessoas não entendem direito esse tipo de doença? Então vamos fazer com que elas entendam, ora bolas!
Como sempre digo, o diagnóstico da EM não é o fim do mundo, mas o início de uma nova vida. Pode demorar pra se acostumar, pode incomodar de vez em quando, deixar chateado e talz. Mas a gente aprende a viver e conviver com a EM. E acaba até achando que ela traz coisas boas de vez em quando.
É bom ter? Não. Mas já que tem, vamos viver com ela e ser felizes.
Quer viver sem preconceito? Coloque a cara no mundo e explique o que é essa tal EM pra quem quiser (e quem não quiser) saber.

Ah, não posso esquecer de dois "Parabéns pra você":
Primeiro um abraço e parabéns atrasado pro Luis Estrada, querido parceiro de blog que mora lá em Honduras e fez niver dia 29 de novembro.

E o segundo, no dia certo, um super abraço e mil bjs pra Paula, minha amiga, fisioterapeuta (é com ela que eu faço Pilates) e leitora aqui do blog. Sexta-feira vou aí te abraçar de verdade!

Amanhã conto mais sobre o que fiquei fazendo lá na linda e maravilhosa Floripa.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nas nuvens

Oi gentes, blz?
Agora, nesse exato momento, li meu número na lista dos chamados pra entrevista do mestrado de antropologia da UFSC.
Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
Nem preciso dizer que estou muito feliz e
que quase caguei nas calças né?
A entrevista é sexta-feira de tarde.
Então, só voltarei sábado pra casa.
Assim que eu tiver um tempo e o corpo recuperado conto tuuuudo pra vocês aqui.
Por enquanto, posso dizer que fiz uma ótima prova, salguei a bunda e to com marquinha de biquini.
Bjaum a todos que me apoiam aqui sempre. As palavras e o carinho de vocês é são muito importantes para mim.
Bjsss
Bruna

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mais um sonho realizado

Oi amigos, blz?
Estou exausta mental e fisicamente. Essa história de fazer trocentas provas tá me acabando. Mas, o bom é que as provas também estão acabando.
Hoje à tarde apresentarei para a banca de avaliadores o meu artigo. Depois disso, posso dizer que sou mais uma coisa: especialista em comunicação organizacional.
Mais uma etapa da vida vencida!
Amanhã entro num busão e vou novamente para Florianópolis, passar a semana lá fazendo provas e aproveitando aquela ilha maravilhosa, com praias belíssimas. Não vou me hospedar em nenhuma das praias, mas estou levando biquini e filtro solar. Dessa vez coloco meus pés na areia e a bunda na água salgada.
Apesar do cansaço, me sinto plena e feliz.
Quando descobri a EM, não sabia nem se conseguiria acabar o colégio. Não só acabei o colégio como consegui meu canudo na faculdade e hoje, ao que tudo indica, ganho o título de especialista em alguma coisa.
Consegui isso por ser perseverante, ou teimosa, sei lá. Mas, de tão teimosa, estou teimando em fazer mestrado e, mais adiante doutorado. O que me encanta nisso não são os títulos não. São os aprendizados. Como amo estudar e adoro pesquisa, não vejo outra coisa a fazer agora além do mestrado agora.
Outra coisa que me enriqueceu muito nesse processo foram as pessoas que conheci em todas essas etapas. Tanto as pessoas que guardo no meu coração quanto aquelas que me desafiaram, me ofenderam e foram desrespeitosos comigo ou minha condição de esclerosada. Porque sabe né, nem todo mundo consegue entender que, só porque o ferimento não está exposto, não quer dizer que ele não existe. Mas aprendi com todas essas situações.
Por isso que eu sugiro à todos os esclerosados, jovens ou idosos, que não parem de produzir. Pode ser fazendo uma faculdade, um curso de artes manuais, de língua estrangeira, de como passar camisas...enfim, o importante é estar ativo.
Já falei por aqui que "mãos vazias a cabeça é oficina do diabo". Quanto menos a gente faz, menos tem vontade de fazer. Quanto menos se sai de casa, menos se tem "coragem" de sair. Quanto menos se tenta, menos se faz.
Não sei se vou conquistar tudo que eu sonho, porque eu sonho pra caramba. Mas não vou ficar sentada em casa esperando as oportunidades aparecerem na minha frente. Vou continuar procurando a realização dos meus sonhos por aí. E nesse caminho sei que tenho muita coisa pra aprender, muitas pessoas pra conhecer e muitas felicidades pra colecionar.
Vai ser difícil? Provavelmente. Momentos ruins sempre existem. Mas não posso fazer eles maiores que minhas alegrias. Não posso valorizar mais as pessoas que não gosto do que aqueles que eu amo e que me amam.
Hoje conquisto mais um sonho. Espero que vocês também conquistem os seus.
Bjs

Em tempo: como vou estar viajando semana que vem, e não levarei meu laptop pra praia, me ausentarei aqui do blog. Mas quando voltar, conto como foi tudo e todas as novidades que descobrirei sobre a vida, a EM e a minha vida com EM.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Válido até:

Oi amigos, td bem?
Passeando pelo mundo maravilhoso da internet, me deparei com essa figura aí de cima. Uma foto belíssima de uma campanha publicitária da MS Society (Sociedade de Esclerose Múltipla).
No corpo da moça está carimbado em diversos lugares a frase "use by:", que equivale ao nosso "válido até", que sempre tem em produtos. Bem embaixo a frase: "Quando você tem Esclerose Múltipla você nunca sabe o que será o próximo a expirar".
Gostei muito da idéia, como publicitária e como esclerosada.
A maioria das pessoas que não tem EM não consegue entender porque a gente fica meio paranóico com qualquer coisa que sentimos no nosso corpo.
Agora eu já sei a diferença do formigamento de surto e do formigamento normal porque a musculatura está cansada. Quando a dor é de surto ou é a tal da dor neuropática. Enfim, a gente vai aprendendo com o tempo a saber interpretar os sinais que o corpo dá.
Ainda assim, o medo do surto está sempre dentro de nós.
E como a gente nunca sabe em que área vai aparecer a próxima lesão, a gente também não sabe que parte do corpo vai "perder a validade", pelo menos por um tempo. E é exatamente por isso que a maioria dos esclerosados fica sempre alerta para todo e qualquer sinal que o corpo emite.
Quando olhei a foto, a primeira coisa que me veio a mente foi a vez que o surto me deixou "sem" pernas e braços. Entrei em pânico e morri de medo de não conseguir mais movimentar os membros, ou movimentar mas ser dependente da mesma forma por conta de uma fraqueza causada pela lesão.
Ainda bem que o prazo de validade dos meus membros é mais longo. Ainda assim, sei que um dia pode acontecer isso de novo, sei que o prazo de validade do meu corpo é mais curto que o nomal. Não, esclerosado não morre mais cedo. É que alguns órgãos tem menor validade que os outros. Aí a gente vai capengando.
Mas, enquanto tudo funcionar, ainda que capenga, vou continuar aprontando por aí e fazendo tudo que posso para aproveitar de forma saudável e consciente, esse corpitcho que papai do céu me deu, que mamãe "fez do nada", e que tenho cuidado nesses meus 23 aninhos.
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Que palavra usar?

Oi gentes, tudo bem?
Esclerose é um nome que incomoda muita gente. Tudo porque o termo esclerose foi usado por muito tempo, de forma errônea, para designar pessoas com algum nível de demência ou perda de memória.
Recebi um e-mail esses dias de uma amiga dizendo que se sente incomodada por eu chamar quem tem esclerose múltipla de esclerosado. Entendo plenamente sua incomodação, afinal, crescemos num mundo em que esclerosado é sinônimo de doido.
Mas, quem está errado é quem usa esclerosado para demente, e não quem usa esclerosado pra quem é realmente esclerosado. E quando eu tô certa não abro mão de fazer a coisa certa. Mesmo que demore um tempo pras pessoas entenderem. Mesmo que haja preconceito e discriminação não só com a doença, mas com a palavra.
A palavra esclerose vem de Escleros, que quer dizer endurecimento. Uma esclerose é uma placa ou tecido endurecido. O nome "esclerose múltipla" significa que a pessoa tem mais de uma esclerose, ou seja, mais de uma "placa" de endurecimento na mielina, ou mais uma cicatriz. Muitas vezes o termo esclerosado é usado para as pessoas que perdem a memória ou apresentam outras confusões mentais quando vão envelhecendo. Bueno, até existe alguns tipos de demências que se dão por endurecimento de placas no cérebro. Mas não tem absolutamente nada a ver com a esclerose da bainha de mielina, que é o que a EM é.
Bom, mas voltando ao questionamento: usar ou não a palavra esclerosado, acredito que, as pessoas em geral só vão entender que esclerose não é demência e que pode ter diversas manifestações e uma delas é a Esclerose Múltipla, se nós falarmos o que temos e o que é essa tal de esclerose múltipla. Não dá pra querer que os outros entendam se nós não explicarmos.
Claro, enche o saco explicar 200 vezes a mesma coisa pra pessoas diferentes. Mas me enche mais o saco ouvir ignorâncias. E, para parar de ouvir bobagens do tipo: tu é esquecida? tu tem problema mental?, eu prefiro dizer exatamente o nome da minha doença: Esclerose Múltipla.
Sobre ser esclerosado ou não, prefiro me auto chamar de esclerosada. Porque vejam bem, "portador de esclerose múltipla", supõe que você porta a doença e quando quer tira ela. Eu porto minha identidade no bolso, a esclerose eu tenho sempre e sem a alternativa de não ter (por enquanto).
Outra alternativa seria "paciente de esclerose múltipla". Entretanto, eu não sou paciente pra nada, muito menos pra doença.
Outro termo seria "doente de esclerose múltipla". Mas eu não sou doente. Eu tenho uma doença que, quando se manifesta em forma de surto, me deixa doente.
E dizer que eu tenho uma "doença desmielinizante" acho pior ainda, porque aí a pessoa não vai entender mesmo.
Ah, dá pra dizer esclerótica. Mas gosto menos ainda dessa palavra. Sei lá, não é uma palavra bonita...hehehe
Estudando o bom português tupiniquim, vemos que o sufixo ADA pode significar: que tem tal coisa. Por exemplo, em goiabADA, quer dizer que o doce tem goiaba. A mesma coisa com esclerose. EsclerosADA é a criatura que tem esclerose.
Portanto, não é errado chamar o vivente que tem Esclerose Múltipla de esclerosado.
O que falta é nos acostumarmos com o nome e espalharmos pelo mundo todo o conceito certo da palavra.
Até pouco tempo nos hospitais ouvíamos que tal paciente tem CA, ou TBC. Não se falava nem câncer nem tuberculose. Mas, não usar o nome correto não faz a doença sumir.
Por isso, continuo dizendo esclerosado. Lamento se isso faz alguém sentir algum desconforto. Mas se preferir, você pode dizer apenas que tem Esclerose Múltipla ou uma doença desmielinizante. Cada um trata a doença do jeito que lhe dá maior conforto.
Sinceramente, tanto faz o nome que se dá. A doença é a mesma e não mudam os sintomas se mudar o nome. Muito menos some se não falarmos dela ou sobre ela. Por isso amiga que me escreveu, vou continuar chamando de esclerosado e explicando, pra quem quiser saber (e pra quem não quiser também), o que ser esclerosado quer dizer. Desculpa! Espero que continues lendo o blog mesmo assim, e me escrevendo e dando sugestões.
Um abraço pra nação de esclerosados, escleróticos, estropiados, malacabados ou seja lá a palavra que você goste de usar.

Até amanhã!
Bjs

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"O Poder da Esperança"

Oi amigos, blz?
Tenho hábito de estudar vendo televisão, e ontem, tive uma feliz surpresa assistindo o GNT. Gosto muito do programa Happy Hour, um programa descontraído com temas inteligentes. Ontem, por exemplo, o povo lá do programa discutia sobre acessibilidade. A mentalidade das pessoas não vai mudar duma hora pra outra, mas só de ver que estão discutindo esse tipo de problema na tv, já é um grande avanço.
Um comentário interessante que foi feito no programa é que, pessoas quando vão para a Europa ou EUA dizem que lá tem muito mais deficiente que no Brasil. A verdade é que lá os deficientes podem sair na rua porque tem acessibilidade, que gera independência. Aqui no Brasil os deficientes tem que ficar trancafiados em casa vendo Sessão da Tarde porque não tem acessibilidade.
Mais tarde, enquanto eu estudava e mamãe zapeava, paramos pra ver um filme no Telecine que acho que todos devem ver. O nome do filme é "O Poder da Esperança".
O filme conta a história real de Richard Pimentel. Depois da morte de seu pai e tendo uma mãe com problemas psiquiátricos, Richard descobriu que tinha o dom de falar em público. Já na faculdade, decepcionou-se ao ser rejeitado pelo orientador que escolhera. Com isso alista-se no exército e vai para o Vietnã, de onde volta com deficiência auditiva. Lutando contra essa desvantagem é que sua vida começa a ganhar sentido. Percebe que pode tornar visíveis os deficientes e ajudá-los a se verem como cidadãos válidos. Dando palestras para vários órgãos do governo, sua atuação foi fundamental para a elaboração da "Americans with Disabilities Act" (ADA) de 1990, lei que proibe a discriminação das pessoas portadoras de deficiências. Hoje, o programa "Tilting at Windmils" (algo como lutando com moinhos de vento, uma clara alusão a Dom Quixote) criado por ele é utilizado em diversos países e considerado referência em programas de empregabilidade para pessoas com deficiência.
Aqui no Brasil não sei se tem esse programa, mas conheço a "1 Segundo, Cartilha do conviver", que traz conceitos sociais de interatividade com a pessoa com deficiência. Como sugere o título, é um instrumento imprescindível no seu dia-a-dia, no contato com pessoas com deficiência, seja no ambiente de trabalho ou social. "1 Segundo" Cartilha do Conviver, traz uma série de dicas que podem ser usadas no convívio com todas as pessoas com limitações, de forma geral e também direcionadas a cada um dos tipos de deficiência, individualmente (físicas, visuais, auditivas ou intelectuais). (fonte: http://www.institutoprocidadania.org.br/index.php?pg=51&cd_sec=1)
O filme vale a pena ser visto não só pela história desse homem e a importância de suas atitudes, mas também pelas tiradas cômicas de seu amigo Art, um gênio com paralisia cerebral, que torna-se o melhor amigo de Richard.
Apesar de ser uma história dramática, é um filme bom pra dar risada. Sabe aquela história de "se não fosse trágico seria cômico"? O filme apresenta diversas situações em que a única coisa que se pode fazer é rir da ignorância alheia.
Até amanhã!
Bjs
P.S.: a imagem de hoje é a foto do filme, onde aparecem o Richard, o Art e a namorada do Richard.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Bichinhos terapeutas

Oi gentes, blz?
Ontem um amigo adotou um gato. Mas o gato só foi gato na hora da adoção, porque quando eu fui conhecê-lo, vi que era uma linda princesinha de pêlos arrepiados.
Hoje fiquei de babá da Nina e na volta pra casa chamei a veterinária para dar vacina nos meus gatinhos queridos.
Sim, não adianta ter um bichinho e não cuidar da saúde dele também. Afinal, eles fazem um bem danado à nossa saúde.
Ter um animal de estimação às vezes custa caro: veterinária, vacina, comida, etc. Mas acho que eles me ajudam muito a gastar menos com remédios e terapias.
Ter um animal de estimação, seja ele gato, cachorro, galinha ou papagaio, faz bem pra saúde mental de qualquer pessoa. Pra gente "doente", faz melhor ainda. Porque assim, ao invés da gente se ocupar só com a dor, se ocupa com a dor e com as graças que os bichinhos fazem. E, de tão fofos e queridos que eles são, a dor parece que vai diminuindo.
Eu converso com meus gatos, e, pasmem, eles me respondem. Loucura? Talvez. Mas funciona muito bem essa terapia para mim. Pesquisas científicas já comprovaram que a interação homem-animal faz bem à nossa saúde. Nunca fiz um tratamento com animais, mas achei bem interessante a TAA: Terapia Assistida com Animais.
Olha só o que achei na internet sobre essa forma de terapia:
Funciona da seguinte maneira: profissionais ligados à saúde, como fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos utilizam cães ou gatos para incrementar o tratamento de seus pacientes. Por exemplo: um garoto sofre de dificuldades motoras devido a um acidente de carro. O fisioterapeuta adepto da TAA pode adotar a ajuda de um cão nos exercícios de recuperação de movimentos. O que poderia ser sacrificante para o menino torna-se prazerozo e divertido.
O benefício vai além do simples exercício. Estudos comprovam que o contato com animais em casos como este fazem a auto-estima do paciente aumentar. Essa técnica acelera a recuperação com resultados satisfatórios.
Além de ajudar na cura de doenças e problemas físicos os animais podem ser úteis na educação das crianças. A visita de um cão numa escola, por exemplo, pode dar aos alunos a oportunidade de conhecer de perto o bicho e de aprender a lidar e respeitar o animal. Isto é a Atividade Assistida por Animais - AAA. Pode-se também realizar visitas monitoradas com animais a asilos ou centros de recuperação de menores.
Para que todos esses benefícios ocorram, é importante não esquecer da relevância da posse responsável. Tratar o animal com respeito e com carinho é fundamental para o sucesso da interação. (fonte: http://www.arcabrasil.org.br/animais/interacao/terapia2.htm)
O bichinho não é "a" cura para todos os problemas, mas eles certamente tem um papel significativo em nossas vidas. Experimente você também ter um bichinho pra te divertir, te ocupar e te amar.
Até amanhã!
Bjs
Em tempo: a gatinha lindinha da foto é a Nina.
Dica de livro e filme: Marley e Eu

sábado, 21 de novembro de 2009

Contra o Ato Médico!

Oi amigos, blz?
Hoje tenho duas "utilidades públicas", a primeira é referente a uma pesquisa que o Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre está fazendo:
"O Hospital Moinhos de Vento seleciona pacientes com suspeita de esclerose múltipla para participar de estudo para avaliar o tempo entre o início dos sintomas e a confirmação ou não da doença. Os participantes devem ter tido o primeiro sintoma neurológico nos últimos 60 dias, com duração superior a 24 horas, sem ter diagnóstico da enfermidade. Informações e inscrições: (51) 3314-3296 ou juliana.zeni@hmv.org.br"

Dado o recado, gostaria de colocar aqui, publicamente, que sou CONTRA O ATO MÉDICO!
Acho absurdo uma classe de profissionais da saúde acharem-se donos da saúde. Acho absurdo tirar a autonomia de profissionais que estudam tanto quanto, quando não mais, para cuidar da nossa saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, etc.
Acho ridículo os médicos dizerem que a acupuntura tem que ser uma especialidade médica, uma vez que, há apenas 15 anos eles riam e diziam que esse tratamento milenar era uma bobagem e que não servia pra nada (ninguém me contou não, eu vi isso).
Acho ridículo eles falarem que tratamentos "invasivos" tem de ser feito apenas por médico. Conheço muito médico que não sabe aplicar uma injeção direito. Ah, mas eles dizem que injeção enfermeiros e farmacêuticos poderão dar. Então me pergunto: acupuntura, que é uma agulha minúscula que entra milimetros na pele é invasivo, mas uma injeção intramuscular não é?
Meio estranho isso, parece coisa de quem quer fazer apenas o que dá mais dinheiro.
Já vi muito erro médico ser consertado por fisioterapeutas e enfermeiros. E ninguém me contou não, eu vi com esses olhos que a terra não há de comer porque vou cremar.
Então, esses médicos que não estudaram fisioterapia é que vão mandar no tratamento do fisioterapeuta? Que não estudaram fonoaudiologia é que vão mandar no tratamento do fonoaudiólogo? E quem vai fazer os remédios se os farmacêuticos não puderem exercer seu ofício porque um médico que não estudou bioquímica a fundo é quem manda nele?
Na minha opinião, se o Ato Médico passar, limpar a bunda de paciente internado no hospital também deve ser considerado tratamento invasivo. Quero ver eles fazerem o trabalho dos nobres enfermeiros e auxiliares de enfermagem que fazem isso todos os dias. Ou vocês não acham que limpar a bunda de outra pessoa é invasivo?
Bom, eu sou apenas uma pessoa doente, filha de fisioterapeutas e que já passou por trocentos médicos que tem essa opinião. Mas, descobri que o Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, cirurgião-chefe da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação (maior rede de reabilitação do país) concorda comigo. Então, como ele tem mais propriedade pra falar do assunto do que eu, segue abaixo as palavras dele:

"Burrice em verde-e-amarelo
No Senado está em discussão um projeto de lei denominado "Lei do Ato Médico", que subordinaria todos os profissionais que atuam na área de saúde à autoridade de um médico, independentemente de sua qualificação. É diferente uma subordinação desse tipo àquela de um trabalho em equipe, que respeita o conhecimento e a experiência individual e resulta em um compartilhar de responsabilidades por todos aqueles que tratam alguém.
A chamada interdisciplinaridade (trabalho em equipe e não trabalho isolado) é uma atitude que surge principalmente no século XX. Estamos, portanto, falando de uma tradição recente que coincide com o surgimento de várias atividades, como terapia, psicologia, biomedicina, fonoaudiologia, bioquímica, microscopia eletrônica, e inúmeras outras que se desenvolveram enorrmemente com o progresso da informática - como, por exemplo, a operação de equipamentos de alta tecnologia.
Se voltássemos cem anos, veríamos o médico trabalhando praticamente isolado. Com os conhecimentos que dispunha, surgiam as decisões que, freqüentemente, ele mesmo implementava no sentido de diminuir o sofrimento daquele a quem se dedicava.
Com o progresso da ciência e a sua influência na prática médica, um grande número de profissionais de várias especialidades, também formados por universidades, passaram a participar nas várias etapas de avaliação que, em última análise, iriam determinar a ação que procurava a cura.
É fato que, muitas vezes, por interesses escusos, grupos de profissionais da mesma área, isolados e marcados pelo corporativismo, passam a disputar o doente como se este fosse uma mercadoria. Em alguns países e hoje, até no Brasil, por uma atitude imitativa tupiniquim, adotou-se a expressão "consumidor" , para definir aquele que por um infortúnio procura atenção para a sua saúde.
A Rede Sarah, como outras instituições de renome internacional, projetou-se implantando desde os seus primórdios uma atuação multidisciplinar. Nesta, profissionais de várias áreas do conhecimento e da ação cotidiana se dedicam à reabilitação. Todos aqueles que participam do tratamento de cada um e não apenas o médico têm seu lugar e valor reconhecidos pelo mérito que surge da competência. Ou por acaso quem humilde, mas conscientemente, mantém o hospital impecavelmente limpo também não está contribuindo para a saúde? Interdisciplinaridade, portanto, implica co-responsabilidade e não em uma visão vertical e canhestra da ação em saúde. Se aprovado o projeto da "Lei do Ato Médico", o Brasil mais uma vez fica na contramão de tudo o que está sendo feito no mundo. Tendo sido descoberto na Renascença ingressa para gáudio da corporação médica, na Idade Média...
Mergulha de vez no corporativismo que tudo emperra!
A "Lei do Ato Médico" subordina tudo que é necessário para restabelecimento da saúde a uma só profissão - a médica. Já existem tentativas de "remendos" no projeto de lei para atender a esta ou àquela corporação. Remendos o Brasil já tem demais! É ruim? Joga no lixo! Senão, arriscamo-nos destinar ao lixo o que, pela pesquisa, pelo estudo árduo e conseqüente progresso, juntos conquistamos."

Bom, você amigo esclerosado, estropiado e afim, que tem (ou pelo menos deveria ter)acompanhamento médico e fisioterapêutico, que quando fica internado depende dos queridos enfermeiros que acompanham nosso dia a dia mais de perto que os médicos, sabe o quanto esses profissionais são importantes nas nossas vidas. Se você concorda comigo e quer continuar tendo um atendimento bom em saúde e que esse atendimento melhore a cada dia e não fique cada vez mais medíocre (principalmente a saúde pública), ajude a divulgar esse site aqui: http://www.atomediconao.com.br/
E dê uma passada por lá para ajudar a dizer NÃO!
Sabe né, ano eleitoral, quanto maior o coro, mais os políticos pensam na hora de aprovar ou não uma lei dessas.
Ótimo findi pra nós todos!
Até segunda-feira!
Bjs

Em tempo: eu citei apenas 3 profissões prejudicadas com o Ato Médico, mas é importante lembrar que essa lei absurda vai prejudicar a atuação de TODOS os profissionais da área de saúde.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Palhaçada eficiente

Oi gentes, blz?
Vocês sabem, quem tem uma doença faz de tudo pra achar formas de viver melhor com ela e, de preferência, para ter uma cura.
A Esclerose Múltipla ainda não tem cura, mas as pesquisas não param e a cada dia recebemos novidades animadoras sobre a evolução das buscas pela cura da EM. Entretanto, para que essas pesquisas sejam realizadas, é necessário uma quantidade absurda de dinheiro.
A MS Society, entidade que faz pesquisas em EM tem diversos programas para arrecadar bufunfa para que as pesquisas não parem.
Mas vejam só até onde vai a criatividade de um corpo doente com uma mente genial:
"Palhaços tiram a roupa por uma boa causa!
Grupo americano produz calendário para arrecadar dinheiro para pesquisas sobre esclerose múltipla
Os palhaços do San Francisco Circus Center, nos Estados Unidos, se uniram na produção de um calendário cuja renda será revertida para a MS Society, entidade de pesquisas sobre a esclerose múltipla.
Chamada de Naked Clown Calendar (Calendário de Palhaços Pelados), a iniciativa acontece todos os anos. Tudo começou quando Judy Finelli, uma malabarista, co-fundadora da Escola de Arte Circense de São Francisco, foi diagnosticada com esclerose múltipla, em 1989. Para gerar fundos para pesquisas de desenvolvimento de novos tratamentos e cura para a doença, os palhaços do San Francisco Circus Center se reuniram na criação e produção do calendário. No ano passado, o Naked Clown Calendar 2009 arrecadou US$ 2 mil para a entidade. O calendário é vendido no site www.nakedclowncalendar.com, por US$ 14,99. " (fonte: Época Negócios)

Uma palhaçada divertida e eficiente.
Depois tem gente que diz que ninguém faz nada pra chamar a atenção pras pesquisas de EM. Quer coisa mais chamativa que palhaços pelados?
Como diz minha amiga Lulu: não há o que não haja!
Hehhehehe
Adorei!
Até amanhã!
Bjs

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Gentileza gera gentileza...

Oi amigos, blz?
Hoje saiu o resultado da prova que fiz segunda. Resultado: não fui chamada. Mas tudo bem. Lógico que eu queria passar, senão, não teria feito, mas sei que às vezes, querer (se esforçando, trabalhando e estudando) não é poder. E tudo bem.
Bom, mas lembram que eu eu contei sobre o infeliz comentário da professora que entregou as provas (leia aqui). Pois é, na hora eu fiquei possessa, mas não podia comentar ou criticar porque estava numa posição muuuuito desfavorável pra isso. Entretanto, falei que, sendo ou não chamada, quando acabasse o processo de seleção, enviaria o post pra professora.
Eu sei que as pessoas não vão mudar duma hora pra outra. Mas, a melhor forma de começar uma mudança, é perceber que você precisa mudar.
Se ninguém nunca falar pra ela, por exemplo, que falar dum deficiente físico como um bicho de sete cabeças é discriminatório, preconceituoso e machuca quem já passou ou passa por isso na pele, ela poderá nunca se dar por conta disso. Não vou citar nome porque não acho necessário, mas um detalhe importante e cômico, se não fosse trágico: a área de atuação dessa professora é antropologia do corpo e da saúde.
As coisas que eu mais escutei até hoje em relação a minha vida e minha doença foram: mas você é tão bonita pra ser doente e ficar caminhando desse jeito (cambaleando no caso); Esclerose Múltipla? Mas você é tão inteligente; Você se formou? Mas você não é doente? ; Pra que continuar estudando e trabalhando se você tem EM?
Simplesmente rí-di-cu-lo! Como se um portador de EM ou de qualquer doença ou deficiência tivesse obrigação de ser feio, torto, burro e idiota.
Até pouco tempo atrás, eu dava um sorrisinho amarelo pra gente que me dizia essas coisas. Mas depois de tantos anos, me enchi o saco de aceitar esse tipo de comentário. Me enchi o saco de ter que entender que "não era minha intenção te ofender". Se você é assassino e diz que não teve intenção de matar, por acaso a pessoa que você matou volta a viver? Não!
A intenção pode até não ser machucar, ofender e se mostrar ignorante, mas, é o que acontece. Como diz meu vô, de boas intenções o inferno está cheio.
Sei que muita gente fala porque tem boca e não porque tem cérebro. Sei também que muita gente é ignorante no assunto. Mas por favor, pensem que vocês estão falando de pessoas, seres humanos assim como qualquer um, que sente, ri, chora, ama, odeia, enfim, vive! Ou melhor, se não tem nada de bom pra falar, não fale nada.
Tem gente que diz: ah, mas tu faz piadinha com tua condição. Claro que faço e dou risada em horas próprias pra isso. E até dou risada das piadinhas que fazem, também em horas próprias. Mas brincadeirinhas e piadinhas são completamente diferentes de comentários discriminatórios ditos como se fosse uma coisa natural.
Então, eu respondo pra quem faz comentários infelizes não por ser chata ou querer um tratamento diferenciado. Ao contrário, eu falo porque sonho em viver num mundo em que todos sejam tratados com respeito, independente de condição física, mental, cor, credo, opção sexual, etc...
Podem até chamar de chatice e frescura de doente, mas acho que respeito e gentileza não faz mal a ninguém.
Respeito gera respeito e gentileza gera gentileza!
Até amanhã!
Bjs

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cansaço mental

Oi gentes, blz?
Nada como a casinha da gente né?
Esqueçam o que eu disse sobre a rampa da UFRGS não ser íngreme. Infelizmente ela não permite que um cadeirante, por exemplo, ande por ela sem ninguém empurrando. Chato né?
Depois de tantas provas em tão pouco tempo, estou com o cérebro cansado. Tá, eu sei que cérebro não é músculo pra ter fadiga. Mas juro gente, meu cérebro entrou em fadiga. Parece que estou em câmera lenta e não consigo raciocinar muito bem sobre a vida.
O pior de tudo de um cérebro cansado, é que a gente fica esquecido. Hoje, depois de lavar a louça do almoço, levantei 2 vezes do sofá pensando em ir lavar a louça. Escovei os dentes 2 vezes (mal não deve fazer) e já fui 3 vezes no meu quarto pegar alguma coisa e quando chego lá, não lembro que coisa era. Aliás, não lembro nem agora. Espero não lembrar 4 vezes de fazer o lanche da tarde.
Consultando o Dr. Google sobre cansaço mental, achei essa declaração no G1:
"Tarefas repetitivas, quando exigem concentração, acabam desgastando o cérebro. Segundo a neurocientista Suzana Herculano Houzel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ninguém precisa se sentir menos por se sentir esgotado por fazer contas, escrever, ler ou realizar qualquer outra atividade mental por muito tempo.
“Pensar cansa”, ela diz. “Mas o aspecto curioso do cansaço do cérebro é que ele é específico para aquelas partes que estavam trabalhando intensamente de fato. Então, se você passa muito tempo fazendo contas de cabeça, você esgota a sua capacidade de lidar com números, mas você é totalmente capaz de sair dali e ir tocar piano, ou ir ler um livro, ou fazer alguma atividade que exija de outros sistemas do seu cérebro.”
Qual o melhor remédio?
Dormir!
Sim, dormir um pouco mais, ter qualidade no sono. A única forma do cérebro descansar é dormindo.
Portanto, vou tirar um cochilo agora de tarde. Sem sentir culpa por isso ou me achar preguiçosa. Também, uma preguicinha de vez em quando não faz mal a ninguém.
Melhor: começou a chover agora... dia perfeito para se atirar no sofá.
Quem tiver dicas de como descansar o cérebro, favor escrever nos comentários...hehehe
Amanhã vou estar mais descansada pra escrever algo que preste aqui pra vocês.

Até amanhã!
Bjs
Em tempo: Hoje minha amigona Raquel Simor, que eu amo e sinto saudadiii faz niver. Parabéns Raque!!! Muitas felicidades!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Denúncia

Oi amigos, blz?
Hoje fiz a prova de conhecimentos específicos pro mestrado em Antropologia da UFRGS. Mais uma vez, saí satisfeita com a prova que fiz. Se eles vão gostar ou não, é outra história.
Dessa vez a prova foi numa sala com ar condicionado, mesas e cadeiras estofadas. Muito melhor pro meu corpitcho e pro cérebro também, porque com o corpo confortável a mente age melhor.
Meu titio querido me levou pra fazer a prova, e só entrava carro na área do prédio se fosse professor. Abri o vidro, disse pra mocinha que eu não podia subir aquele morro porque era portadora de necessidades especiais, ela me olhou meio desconfiada, mas deixou entrar com o carro até a porta do prédio.
Chegando lá fiquei feliz que pra subir pros outros andares não tinha escadaria, apenas rampa. Uma rampa bem larga e não muito íngrime. Tranquilo pra muletante, cadeirante, mancante, esclerosado, etc...
Pois bem, entramos na sala, me sentei perto da janelinha, pra olhar as árvores lá fora caso me perdesse nas perguntas, e ficamos esperando até a hora marcada. A professora que estava lá disse que éramos privilegiados, porque nas provas dos anos anteriores choveu canivetes, faltou luz, e blablabla. Pensei: legal, tá querendo nos tranquilizar. Até o infeliz comentário: "teve um ano que foi pior. Um cadeirante se inscreveu e não nos avisou que era cadeirante. Imaginem só, não nos avisou e não tinha rampa nem elevador no prédio. Nossa acessibilidade é péssima!"
Ok, a professora admitiu que a acessibilidade era ruim, mas nunca ouvi falar que pra participar de uma seleção em alguma coisa precise escrever na ficha que tem dois olhos, uma boca, 2 pernas, um cérebro, é gordo, é magro e o escambau. Que mania que as pessoas tem de achar que estão fazendo favor pra deficiente físico, quando na verdade, o que o deficiente físico quer é um ambiente bem projetado, onde ele não precise pedir ajuda dos outros até pra mijar.
Acho absurdo uma universidade federal não ser exemplo de acessibilidade. E fico triste quando pessoas com tanto conhecimento na cachola fala uma coisa dessas sem se dar por conta que o deficiente não tem que avisar que é deficiente, a universidade é que tem que estar preparada para receber qualquer tipo de pessoa. Como diz nossa amiga Taís (visite aqui o blog dela sobre acessibilidade),
"Se o lugar não está pronto para receber TODAS as pessoas, então o lugar é deficiente".
Fora isso, ontem dei uma passada na Bienal e na Feira do Livro. Sem comentários sobre acessibilidade nesses locais. Se eu não conseguia passar direito pelos corredores só porque tenho bunda grande, imagine quem anda de cadeira de rodas, quem precisa de acompanhante, etc. Ainda bem que tinha minha "muleta" ontem... minha prima lógico. Senão, seria tombo na certa diversas vezes.
Alimentei meu vício pelas palavras. Não no sentido figurado, no literal mesmo. Alimentei de verdade, de encher a pança. Tinha poesias comestíveis. Um papel estranho com sabor de limão e laranja doce. Muito divertido.
Mas para comprar livros com preço bom e conhecer as atrações da Feira, um malacabado tem que penar. Não existe vaga de estacionamento para deficiente físico. Quer dizer, existem algumas, porque a prefeitura deve pensar: esses deficientes que fiquem em casa tricotando, não tem nada que sair na rua, atrapalhar o movimento nas calçadas e ficar reclamando, coloca aí 2 vagas no centro pra eles.
E definitivamente, os corredores são muito estreitos pra tanta gente que não sabe caminhar sem cotovelar os outros.
To fazendo "denúncias" aqui hoje porque acho que devem ser feitas. Não to de mal com a vida, pelo contrário, estou muito feliz. Mas se cada um de nós pensasse um pouquinho mais no bem estar da sociedade em geral (crianças, idosos, deficientes, etc.) eu estaria mais feliz ainda e não precisaria falar disso por aqui. Pô gurizada, se liguem né!
Amanhã tem provinha de proficiência em inglês e francês e volto pra casa.
Volto pro blog quarta-feira, já em casa.
Até quarta!
Bjs

sábado, 14 de novembro de 2009

Viagem sonolenta e turbulenta

Oi amigos, blz?
Bem que me falaram que viajar na sexta-feira 13 podia dar zica. Eu, cética com essas coisas, não acreditei. Bem feito pra mim!
Não se preocupem, não deu nada de errado, não me mechuquei nem senti. Mas que foi um dia bizarro, isso foi.
Primeiro foram as 10h no ônibus, que até foi tranquilo. Dormi umas 4h no bus, acordando em cada parada. Quando o sol nasceu, liguei meu mp3 player e fiquei aproveitando a paisagem. De Camboriú até Floripa, boa parte da paisagem é areia e mar. Lindo, lindo, lindo!
Chegando em Floripa, enfiei meu travesseiro e o casaquinho na mala, deixei ela no guarda volumes da rodoviária, tomei banho de gato (com lencinho umedecido de limpar bunda de nenê), peguei um bus no terminal central e fui rumo a UFSC.
Até aí ok. Fui admirando o mar, sentindo aquele cheirinho de praia e pensando: putz, não vou nem molhar os pés no mar dessa vez.
Aí pelas 1oh estava eu lá na UFSC. Achei o prédio onde faria a prova, tomei meu Toddynho, sentei num banco embaixo das árvores e fiquei observando o povo passar. Não precisava ser gênio pra saber que eu não era de lá, afinal, eu era a única pessoa de calça e tênis naquele mar de gente de shorts, vestidinhos soltos e havaianas. Fiquei lendo uns textos, comi alguma coisa na lanchonete e voltei pros banquinhos, esperar a hora da prova.
De repente avistei uma feirinha hippie. Sabe aqueles tiozinho hippie que vendem brinco, colar, pulseira nas praças? Pois é, em Floripa eles vendem também em barraquinhas dentro da universidade. Em frente ao prédio onde eu ia fazer prova, tem uma concha acústica. A coisa foi ficando movimentada. Estudantes montaram barraquinhas pra se proteger do sol e deitaram no gramado. Alguns com um aspecto mega riponga começaram a fazer exercícios cênicos de expressão corporal (bizarríssimo). Quando abri os olhos de novo, descobri que havia cochilado deitada no banco de concreto. Pior, uma banda de rock (metal) cristã ia começar seu show na concha acústica.
Quando desenhei toda a cena no meu cérebro pensei: será que ainda estou dormindo? Será que me teletransportei pra outra dimensão? Será que o suco de laranja era alucinógeno?
Não, o povo de lá é assim mesmo, nesse clima relax de praia, calor e verão. Achei o máximo a possibilidade de ir de shorts e havaianas pra aula sem ninguém te olhar de um modo estranho. Vida de praia é quase uma vida alternativa num mundo paralelo, mesmo dentro da universidade.
14h30min - hora da prova de proficiência em inglês. 15h - Bruna entrega a prova respondida.
Detesto prova que parece muito fácil. Sabe né, podia ser pega ratão e talz.
Peguei minha mala na rodoviária e fui pro aeroporto esperar a hora do avião. Lógico: dormi no aeroporto, sentadinha no meio do saguão lotado e barulhento. Pra não ficar pagando esse mico, tomei 2 expressos duplos e acordei. Dei graças a Deus na hora do embarque.
Vou dizer pra vocês, a diferença entre Aerolineas Argentinas e TAM é quase a mesma de um pau de arara prum ônibus leito.
Tava eu lá, olhando pela janelinha a chuva fina que caía. Decolamos, todo o blablabla de segurança no vôo até que, depois de uns 5 minutos no ar o comandante nos avisa que íamos entrar numa área instável.
Gentes, a área instável era o inferno. Eu olhava na janelinha e só via clarões e raios. Na hora que o avião subiu e desceu que nem montanha russa e eu vi um raio enorme na minha janela, rezei até pra Nossa Senhora do Cu Cagado. Se eu não me borrasse naquela hora, nunca mais me borraria. Na hora que o avião deixou de ser montanha-russa o piloto avisou que em 4 minutos estaríamos pousando em Porto Alegre. Ou seja, viajamos de lá até aqui na tal da turbulência. Viagem com emoção nível 10!
Cheguei, me lavei (tava imunda depois duma noite no bus e um dia suando), comi e deitei. Nossa, que maravilha que é deitar. Só acordei ao meio dia de hoje, 12 horas de sono initerrupto. Me disseram que deu uma ventania forte essa noite, que bateu portas e janelas. Eu não vi nada.
Pois é, não sei se viajo de novo em sexta-feira 13. Ou de avião em dia chuvoso. Vais saber o que era pior né? Hehehe.
No próximo post conto pra vocês sobre a acessibilidade dos locais.
Hoje vou descansar mais um pouco e continuar estudando, afinal, segunda-feira tem prova de novo. Antropologia da UFRGS, aí vou eu!
Até segunda-feira!
Bjs

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Hoje a festa é lá no meu apê!

Oi amigos, blz?
Hoje estou numa correria por conta de mais uma viagem. Hoje à noite vou pra Florianópolis. Coisa bem boa né? É, se eu estivesse indo pra praia. Na verdade, vou passar 10 horas dentro de um ônibus (isso mesmo, 10 horas), pra chegar lá, ir da rodoviária até a o campus da UFSC (arrastando a mala, que, obviamente, tem rodinhas), fazer uma prova de proficiência em inglês, ir pro aeroporto e pegar um avião pra Porto Alegre, onde vou passar a semana que vem, na companhia de mais provas.
Ufa!
Só de escrever já me cansei.
Apesar da correria, estou muito feliz. Esse clima de acontecimentos, viagens, provas, etc, me animam. Há alguns dias, quando a vida parecia sem graça (sempre existem esses dias né?) recebi duma amiga minha (obrigado Dani!), por e-mail um "tapa na cara" muito bem recebido da autora Martha Medeiros. Ao final do texto parei e pensei: nossa, eu podia ter escrito isso! Aquele dia estava sendo meio "xoxo" (é com X ou CH?), mas ao ler o texto lembrei de quem eu sou. Hoje vou dividir as palavras dela com vocês:
"A massacrante felicidade dos outros...
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 60 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e, ainda assim, elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.
De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: 'Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento'. Passei minha adolescência com a mesma sensação de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.
É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho...
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas... Então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando, na verdade, a festa lá fora não está tão animada assim!
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Prá consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores, enfim, campeões em tudo! Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia - e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta: 'Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça.' Mas tem.
Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia...
Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento..."
(Martha Medeiros)

Não tenho vergonha de vir aqui e dividir com vocês minhas desilusões, tristezas, raivas e até mesmo vergonhas por atitudes ou pensamentos. E adoro poder contar também minhas felicidades. Porque apesar dos pesares, no meu apartamento costuma ser sempre ano novo e carnaval. Mas não adianta insistir: não toca Latino e não tem bundalelê, seja lá que diabos isso for.
Amanhã, como vou estar "em trânsito", vou me ausentar aqui do blog. Mas sábado já tô de volta. Olha eu aí no avião da Jaquirana Air:

Hahahahahaha
Até sábado!
Bjs