quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Bendito repouso...


Oi queridos, tudo bem?
Passou um trem por cima de mim e eu nem vi daonde veio... só sei que dormi quase o dia todo. E já tá quase na hora de dormir de novo...hehehehe. Pelo menos tive sonhos bons...
Ah, sim, na minha cama nova. Semana passada comprei uma cama. Uma delícia de cama. Vocês já fizeram test drive em loja de colchões? É uma beleza... ficar pulando de mola em mola até deitar num e dizer: é tu!
Bom, eu na verdade eu tava sem cama até pouco tempo atrás. Mas com todo mundo morando aqui em casa (vô, vó, gatos...) eu arrumei meu escritório pra virar um quarto com cama e não meu sofá. Eu adorava meu sofá vermelho... era de estimação já. Mas, precisávamos de mais espaço pra eu e a mãe dormir que não fosse no chão nem no sofá. Mas ele tá pertinho, quando sentir saudades vou lá na minha prima me esticar...hehehehe.
O fato é que, aqui no meu escritório só cabia uma cama/colchão de 1,30m. Isso não existe, vocês sabiam? Eu não fazia ideia de tamanho de cama. Aí, procurando na internet achei um tal colchão de viúva, que tem 1,28m. A princípio não gostei do nome. Preferi chamar o meu de meio casal (apesar de saber que uma cama de casal tem 1,38m). Porque viúva, já é viúva né... e meio casal, a gente pode ficar na esperança de completar um dia...hehehehe.
Hoje fiquei dormindo boa parte da tarde, depois de ver mais uns filminhos (Histórias Cruzadas e A Dama de Ferro).
Uma amiga perguntou porque eu fico vendo filmes quando faço pulso. O primeiro motivo é porque não preciso me esforçar muito e é mais fácil que ler livros e coisas no computador (minha visão fica um pouco alterada com a medicação). E o segundo motivo, acho que é pra não pensar muito...
Se eu fico fazendo outras coisas, volta e meia penso na doença... que se tá em surto é porque ela não tá quietinha como devia estar... aí me atrapalho fazendo coisas do dia a dia e me frustro um pouco.
Ontem fui tentar fazer algumas coisas e acabei com um sentimento de dózinho de mim. Isso não dá né! Então, prefiro ficar fazendo coisas que combinem com a palavra repouso. De ficar parado mesmo. Hoje nem caminhar na rua deu... tá muito quente nessa cidade gente.
A verdade é que a gente não gosta muito da ideia do repouso, porque junto vem a ideia da doença. E não é fácil se olhar no espelho e ver que você está doente, precisando de tratamento e um pouco de repouso nesse momento. Eu tenho uma certa dificuldade com isso. Acho que todos nós temos uma certa resistência a se olhar com uma doença. Qualquer uma que seja... de gripe à EM. Quem aqui nunca ficou passando mal durante dias antes de procurar um médico com uma dor de barriga?
Mais um dia... só mais um e a primeira fase acaba amanhã.
Até mais!
Bjs

P.S1: acreditam que conheço 15 esclerosados que surtaram entre semana passada e essa? É gente demais :P Karen, Nairo, Marinês... amanhã é nosso último dia ;)
P.S.2: Neyra, tô roubartilhando tuas imagens do face...ehehhehe. Obrigada!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Fala sério...

Oi gente, blz?
Bom, primeiro, obrigada a todos que estão comigo nessa pulsoterapia. Vocês sabem o quanto isso é importante: parceria, amizade, bons pensamentos, solidariedade.
Estou bem, dentro da medida do possível. Estou tendo todos os efeitos colaterais da medicação (quer dizer, todos não porque não tive diarreia). Mas me sinto melhor que das outras vezes.
Quem já me conhece há tempo sabe que é assim sempre. Mas, juro gente, dessa vez tô melhor. Só que, hoje, terceiro dia, Drama Queen Day né. Acho que o acúmulo de remédios mais o tapa de realidade de que sim, isso é um surto, me deixam mais molenga. Ou é o calor de 35 graus. Ou é tudo junto.
E, imaginem vocês que, antes mesmo de começar o dia, pouco depois da meia noite, recebo algumas mensagens (emails) de pessoas que ficaram meses sem me dirigir a palavra e agora me cobraram "presença"... porque eu sou um azeitão que nunca sai. Fala sério né?
As pessoas perderam a noção de educação ou eu tô ficando doida? Nem um "oi, tudo bem"? Nem um "quanto tempo, tá por aí?" Nem um "bah, não entendi porque tu não tá mais tão presente". É isso mesmo produção?
Bom, lógico que fiquei puta. Falta de educação e respeito costumam me tirar do sério. E experimentei xingar no facebook. As pessoas vivem xingando tudo no facebook né. É a Dona Xica que atirou o pau no gato... é a dona aranha que veio a chuva forte e a derrubou. E aí as pessoas ficam revoltadérrimas com isso e xingam no facebook. Resolvi mandar esse povo sem consideração a PQP no facebook também.
Mas esqueci que, se você está passando por um momento tenso, tem que se acalmar. Que se você sempre é razoável e xinga alguém de vez em quando, acaba sendo a estressada, a nervosinha, a nhénhénhé... pois é gente, assim é a vida, não dá pra agradar todo mundo...
Mas que foi bom colocar a boca no mundo, isso foi... até porque, eu sei que a maioria dos meus parceiros esclerosados também recebem esse rótulo de vez em quando. A gente acaba se acostumando com isso. E nem ligando muito. A verdade é que não ligo pro rótulo, porque as pessoas que se importam mesmo me ajudam. Mas, pôxa vida, não dá pra ter um mínimo de humanidade não?
Ah, e estou atualizando minha lista de filmes para ver e rever. Até agora foram Era do Gelo 4, Tim Tim, Hugo Cabret e Intocáveis. Recomendo todos.
Vou dar uma voltinha com a minha camiseta do Grêmio e trocar esses DVDs por outros que ainda não vi. Viu só como eu tô bem? Tô até andando na rua ;)
E dormindo umas muitas horas por dia. Ainda bem que tenho cama nova. Ainda não contei da minha cama e quarto novo né?
Amanhã eu conto.
Bjs

domingo, 27 de janeiro de 2013

LUTO

E hoje acordamos todos em luto. Luto pelos jovens que morreram em Santa Maria numa tragédia que, não fosse a irresponsabilidade dos promotores de eventos e donos de casas noturnas, poderia ter sido evitado.
Ainda estou chocada com isso. É quase inacreditável.
A primeira coisa que fizemos aqui em casa foi nos certificarmos que meu primo não tinha ido nessa festa. Apesar de morar muito perto dessa danceteria, ele estava bem longe na hora do acontecimento. Um alívio para nossos corações. Procurei por alguns amigos e conhecidos que moram lá e já os encontrei bem também. Mas fico pensando nas famílias que não tiveram a felicidade de ter suas crianças atendendo o telefone do outro lado da linha...
Eu moro entre dois grandes hospitais de Porto Alegre e nunca tinha ouvido tantas ambulâncias. Nunca pensei que veria a Redenção virar campo de pouso de helicópteros com feridos.
Estamos em choque. Não há palavras a dizer para as famílias desses jovens. Não há palavras a dizer para os jovens que viram seus amigos morrer lá dentro. Não há palavras...
Mas estou escrevendo para pedir a todos que rezem por essas famílias, quem não acredita em Deus, que emane pensamentos positivos e de solidariedade. É o que podemos fazer no momento.
Quem for doador de sangue, favor comparecer aos hemocentros ou, aqui em Porto Alegre, no HPS.
Quem for profissional de saúde, principalmente enfermeiros, técnicos e psicólogos, se apresentem em Santa Maria para ajudar no atendimento.
Que esses jovens sejam acalentados, que essas famílias tenham força e fé e que as equipes de saúde que atendem os feridos sejam iluminadas.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As formigas me perseguem


Oi gentes, tudo bem?
Vocês acreditam que o fado que tira os sintomas não veio na outra noite e eu continuei com formigamentos? Bom, se eu tinha alguma dúvida de que era um surto porque tava formigando a cabeça, o rosto, as costas e a barriga, minha médica hoje me confirmou.
Dessa vez não deu nenhum problema motor (fiz até minha caminhada hoje) nem visual (tô lendo super bem), mas tenho vontade de arrancar a pele pra ver se passa.
Tomei um susto quando a doutora disse que vão ser 3 pulsoterapias. Quer dizer 3 tomando aquele remédio delicioso (argggghhhh) e furando as veias. Quer dizer 15 dias no intervalo de três meses. Meeeelllldellllsss...
Acho que minha cara de susto foi bem convincente, porque a doutora resolveu então deixar o de março em aberto. Mas minha primeira temporada de Moinhos de Vento vai ser de 28 de janeiro a 01 de fevereiro e a segunda de 18 a 22 de fevereiro.
Porque 3? Claro que perguntei né. Bom, vamos ver se eu consigo explicar do mesmo jeito entendível que a doutora explicou. Quando se tem surtos que afetam a parte motora, quer dizer que a lesão ou as lesões se localizam numa parte ali do cérebro que tem fibras mais robustas, e os sintomas que afetam sensibilidade e parte visual são em partes com fibras menores, mais sensíveis. Então, mesmo eu achando um surto motor pior de se passar do que esses formigamentos, parece que o negócio é mais difícil de se consertar lá dentro. Bom ou ruim, melhor ou pior, o fato é que vou ter que fazer.
Fiquei #chatiada, já que eu tinha uma viagem importante pra fazer e reencontrar amigas importantes nesse final de semana e o surto veio bem no meio da minha programação de férias. Como disse minha doutora, eu não posso planejar férias... a minha EM gosta de férias. O negócio é aderir a moda da pele branquinha (ou melhor, não bronzeada, porque branquinha branquinha eu não sou) e esquecer da praia por enquanto.
Não sei se é estado de choque, se me acostumei ou se cansei de ficar braba com essa coisa de surto-pulso-surto-pulso-pulso... mas tô bem sabe. Tô até me estranhando. Claro que eu estou chateada com isso, claro que não estou feliz com isso, claro que estou pensando "ai ai ai, e agora Avonex?" e mil outras coisas. Mas, sei lá, não cheguei nem perto da tristeza e/ou da revolta.
Sabe o que me deixa mais chateada nessa história toda? É que minha mãe não merecia isso... heheheheh. Sei que parece piada, mas as mães que leem o blog sabem que são as mães que sofrem mais. Sofrem mais que a gente que tá fazendo pulso. Eu não posso dizer que entendo plenamente esse sofrimento pela impotência diante do sofrimento de um filho, mas calculo que seja difícil. Manhê, promete que vai ficar bem?
Em compensação, não sei porque ainda me impressiono com a falta de noção das pessoas diante da minha doença. Mas isso é um assunto que merece um texto exclusivo :P (aguardem...)
Bom, e ainda sobre o porque de eu não ter ligado pra médica antes. Porque todo esclerosado é teimoso é uma das minhas tiorias sobre isso. Mas, pra não sermos tão taxativos quanto à teimosia, tenho outra tioria: porque todos nós achamos que estamos doidos e que os sintomas nem existem de verdade, que é invencionice da nossa cabeça...
Não sei vocês, mas eu sempre fico pensando: será mesmo que eu tô sentindo isso de verdade ou tô inventando isso? Acho que essa coisa de não aparecer e quase ninguém acreditar acaba afetando nossa percepção da doença também. E, claro, é porque a gente gosta de acreditar que amanhã vai estar melhor, amanhã vai sumir, etc... Como a minha experiência diz que essas coisas não somem da noite pro dia, me dou um prazo, apesar de, na maioria das vezes, já saber o resultado final.
Outra coisa que eu gosto de acreditar e vou continuar acreditando até que aconteça o contrário, é que dessa vez a medicação não vai acabar comigo. Faz 12 anos que eu penso assim antes da pulsoterapia. E faz 12 anos que eu passo mal e fico com cara de Trakinas (ou Bolacha Maria) com a pulso. Mas e daí? Porque que não posso acreditar que dessa vez vai ser menos pior, né? Olha, e eu realmente acho que vai hein... heheheh
Vou atualizando vocês sobre o tratamento. E, vocês sabem, surto e pulsoterapia é sempre um poço infinito de textos... vou tentar digitar todos os pensamentos por aqui.
Fiquem bem!
Até mais!
Bjs

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Caçando mitos

Oi queridos, tudo bem?
Eu ando meio estranha... essa coisa da concentração tá me incomodando. Olha só que falta de atenção a minha, na semana passada foi aniversário da Neyra e eu nem lembrei de colocar aqui pra que todos vocês, que gostam da presença dela aqui no blog tanto quanto eu, pudessem dar os parabéns ;)
Mas tô sonolenta demais, com dores demais e parece que alguns formigamentos são novos. Só não sei porque essas coisas não aconteceram antes da minha consulta médica né. Agora vou ter que tentar uma consulta nova nos próximos dias. Meu prazo pra "ficar boa" é amanhã de manhã. Se eu acordar assim, ligo pra doutora na primeira hora.
Já pensou gurias? Só não coloquei foto
dele sem camisa pros meninos não ficarem muito ciumentos...
mas não seria  ruim não hein
"Ah, mas Bruna, porque tu não liga pra médica agora?"  Porque eu sou um bicho teimoso. E como todo esclerosado, gosto de me iludir de que essa noite vai vir a fada que leva os sintomas embora e ainda vai me deixar um dólar embaixo do travesseiro. Melhor ainda se essa fada fosse um fado, que nem no filme aquele com o The Rock (já imaginou guriaaaaas? hehehehehe).





Pra quem ainda não acompanha as publicações da Agapem no facebook (https://www.facebook.com/pages/Agapem/128423233975771) ou no site (agapem.org.br), vou dar uma colher de chá e falar sobre uma publicação bacana da semana passada: Os 10 mitos sobre a esclerose múltipla: http://www.agapem.org.br/portal/component/content/article/37-noticias/133-dez-mitos-sobre-a-esclerose-multipla.html.
10 mitos da EM
Uma lista muito bem bolada e leitura obrigatória a todos que convivem com a esclerose múltipla (portadores, familiares, amigos, conhecidos, o porteiro do seu prédio, a recepcionista da faculdade, o garçom do restaurante...).
Eu ainda aumentaria a lista (já até comentaram isso lá no face):
11. A Esclerose Múltipla é doença de gente velha (ou de idade avançada para ser mais politicamente correta). Não é gente! A EM pode ser diagnosticada na infância, sendo mais comum os diagnósticos nos jovens adultos.
Bom, na verdade existem milhares de mitos sobre a EM. Mas essa lista é um bom começo pras pessoas começarem a entender melhor o que é EM.
Me dá um dózinho quando meus avós perguntam: tá melhor hoje da tua doença? Não consigo fazê-los entender que não é uma gripe ou uma crise de rinite. Que é algo que não vai embora. Que eu convivo todos os dias com dor (aliás, o mito 4 é muito importante). Mas, quem sabe um dia as pessoas entendam, né?
Boa semana!
Até mais!
Bjs

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Retomando as atividades...


Oi gentes, como passaram a semana?
A minha foi cheinha de trabalho, encontros e reencontros. Reencontro com o calor infernal também, diga-se de passagem.
Meu atual problema com o calor é a concentração. Eu não consigo me concentrar em nada com esse calor. Porque o corpo ficar molenga, até vai. Mas a cabeça? Bah, pra mim isso é o mais difícil.
Apesar disso, tive algumas ideias geniais (olha a modéstia) de trabalho. Agora tenho é que sentar a bunda e escrever as ideias. Mas quem disse que eu consigo ficar mais que uma hora sentada sem doer um pedacinho desse corpo? E quem disse que eu consigo me concentrar pra escrever cinco linhas que façam sentido?
Acho que meu cérebro tá ligado no modo férias. Mas cérebro, meu querido, férias, praia, sombra e água fresca é só depois do carnaval, meu bem.
Há quem pergunte: mais isso não é procrastinação não? Juro, não é. A minha vontade era de conseguir acordar cedo e ficar trabalhando o dia todo. Mas já que a minha vontade não é o que conta nesses casos, o negócio é ir ajustando as atividades, as vontades e as necessidades conforme as possibilidades.
Bueno, essa semana também foi a semana de ir no médico. Na quarta-feira fui na neuro bater um papo, contar as novidades e os novos e velhos sintomas. A cara que ela fez pra minha dor no couro cabeludo (aquela que eu falei esses dias) não foi muito boa não. Principalmente quando eu falei que foram dois dias seguidos e depois foi melhorando aos poucos. Acho que isso quer dizer que, se eu estivesse aqui e tivesse ligado pra ela contando isso seria sinônimo de ressonância ou pulso ou os dois. Agora estou em "observação". Mas nada de ficar com neura por conta disso.
Na quarta-feira também fui na dermatologista. Aliás, sair de consultório de dermatologista com uma receita na mão é o mesmo que se dar uma facada no rim né? Jisus como são caros esses creminhos pra tirar pereba da pele. Minha alergia a Carazinho chegou a sair na pele gente...hehehehe.
E também na quarta-feira recebi aqui em casa minha amiga Tuka (já leram o blog dela? Ktralhas, o link tá ali do lado ó) que veio pra consulta e o médico deixou de castigo pra fazer exames no dia seguinte. Adoro essa mãezona esclerosada!
Essa semana também voltei a fazer minhas caminhadinhas. Nesse calorão chego derretendo em casa e com a musculatura "pulando", mas acho uma delícia caminhar com o vento na cara.
E essa semana a vontade de ter férias começou a deixar de ser só vontade e tomar forma. Porque pra mim, férias é quando a gente sai de casa, sem trabalho e, de preferência, pra praia. O povo aqui tá se mexendo pra que isso aconteça em fevereiro. Isso quer dizer que, vou adiantar todos os meus trabalhos pra poder me salgar no mar. Torçam pra que dê certo!
Nos próximos dias, post sobre eutanásia, novas descobertas farmacêuticas e otras cositas más... Só preciso organizar melhor minha agenda, coisa que tá meio complicada.
Até mais!
Bjs

P.S.: sentiram o problema da concentração? Não consigo falar num tema só dentro de um post... aff...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Atualizando status: online


Oi queridos, tudo bem com vocês?
Eu estou no meu lar, doce lar novamente. Aaahhh, como eu gosto da minha casinha!
Principalmente porque a gente tinha saído às pressas, no susto, se despencando e sem garantias de quando poderíamos voltar né.
Foram 22 dias fora. Pra mim parece que foram 22 dias que não passaram. Aqueles doze dias em que a vó tava no hospital então...
Não que não tivesse acontecido nada de bom, ou que não deu pra aproveitar nada. Mas como foi tudo muito tenso, muito inesperado e por eu não ter levado praticamente nada de trabalho ou estudo e também por não ter acesso a internet todos os dias, parece que aqueles dias foram coisa da imaginação sabe? Um sonho longo, sei lá.
E como não teve Natal e Ano Novo, pelo menos não nos moldes do povo aqui de casa, parece que ainda não passou o Natal e o Ano Novo. Coisa mais esquisita isso. Saímos dum ano pro outro e nem vimos direito.
Tá certo que a gente goste de umas coisas diferentes e inovadoras de vez em quando, mas esse ano final de ano foi diferente demais. Definitivamente não quero repetir um fim de ano como esse.
Mas, sim, teve seu lado bom, como tudo na vida.
Uma das coisas boas foi ver o quanto eu gosto do lugar em que vivo e daquilo que eu faço. Sabe quando você tem certeza de que está no lugar certo fazendo a coisa certa no tempo certo? Pois então, eu tenho essa certeza, pelo menos por enquanto. Isso é muito bom.
Vi também que nasci em Carazinho, mas viver lá seria um castigo e tanto. O pessoal que mora lá que me desculpe, mas detesto aquela cidade e não tenho vergonha de dizer isso. É um lugarzinho muito mixuruca, sem uma livraria, uma revisteira, um lugar legal dentro da cidade pra se passar o tempo, passear, fazer exercícios. E o divertido museu que tinha lá com toda sua caoticidade agora é um museu de verdade e sem metade da metade da diversão que tinha. Não dava pra organizar o material sem tirar a diversão? Se não dava, que pena. Ficou uma chatice. Tem gente que gosta de lá. Eu não sou uma dessas pessoas. Paciência.
A verdade é que eu poderia morrer de tédio se ficasse lá por mais um tempo e não arrumasse um emprego ou algo do gênero. Definitivamente não é um bom lugar pra passeio.
A casa da vó até que é divertida... dá pra comer fruta do pé, apanhar a comida do almoço na horta, brincar com os cachorros, olhar o céu estrelado de noite e eu me perco em lembranças da infância dentro daquele terreno. Então, um ponto positivo aí também.
Outra coisa muito boa que aconteceu nesse período em que eu estive lá é que eu pude abraçar novamente três queridas amigas que são minhas amigas desde sempre. A Josi, a Juca e a Aline. Nossa, como eu fiquei feliz em poder revê-las. Como é bom poder abraçar amigos queridos assim. E mesmo sabendo que quem tava na minha frente eram três mulherões, para mim, serão sempre minhas meninas...aliás, continuam com a mesma carinha de quando tínhamos 12 anos. Uma emoção ímpar reencontrar essas meninas. E como no fim do mês tem a formatura da Josi, tô ansiosa por poder abraçar vocês de novo e ainda abraçar a Fer, a Fran, e as Maris.
Pra vocês verem como Carazinho é bom, nenhuma de nós mora mais lá. Quer dizer, só a Josi, mas que também já tá indo embora... hehehehehehe.
Ontem já deu pra dar uma voltinha na Redenção e ir voltando a vida normal. Hoje já volto ao trabalho. E essa semana vou na neurologista contar tudo que aconteceu e saber as cenas do próximo capítulo da EM também.
Também estou tentando atualizar os emails, comentários e ver o que o povo anda falando sobre EM na internet. Tem muita coisa interessante e nos próximos dias pretendo comentar sobre algumas polêmicas aí...
Até mais!
Bjs

sábado, 5 de janeiro de 2013

Curtindo fazer nada

Suki e Nick
Oi gentes, tudo bem?
Por aqui tudo bem. Minha vó já tá mandando em todo mundo, se metendo em tudo, andando sozinha, ou seja, tá bem. O marcapasso funcionando direitinho. Agora ela só tá precisando duma ajuda pra sentar e levantar... nada que um esclerosado não conheça né...hehehe. Como faz muito tempo que eu preciso de apoio pra sentar e levantar, acho isso natural. Ela tá achando um horror. Enfim, uma hora se acostuma.
Fiz umas férias forçadas dos estudos. Como viemos correndo, não trouxe quase nada de material de trabalho. E meus últimos dias tem sido preenchidos com boas horas de sono, brincadeiras com os cachorros, comendo frutas embaixo do pé (a acerola e a uva estão no ponto), olhando as estrelas de noite (menos hoje, porque tá chovendo), lendo livros por lazer.
Sabe aquela história de males que vem para o bem? Eu realmente estava precisando duma pausa dessas. E aconselho todo mudo a ficar uns dias sem internet, sem hora pra acordar nem pra dormir. É uma maravilha!
Mas antes da vó vir pra casa foram dias difíceis. Fiquei viajando todos os dias de Carazinho a Passo Fundo num ônibus tipo princesinha do agreste: nem sinal de ar condicionado, parando em tudo que é biboca, pegando as pessoas no meio da estrada. Como tava quente pacas e eu viajava com o janelão aberto, chegava com a cara dura de pó. Não precisava nem passar rouge antes de sair de casa...hehehe.
Colecionei algumas histórias de sala de espera de CTI e outras de quarto de hospital. Me preocupei um tanto com a minha mãe dormindo naquelas cadeiras de acompanhante de doente e um outro tanto com os sintomas de EM que apareciam em mim todos os dias.
Teve um dia que meu couro cabeludo doía muito. Parecia que eu tinha dormido de touca (quem é mais velha lembra disso... ficava bem maisbonito que chapinha, inclusive) e depois tinham me arrancado todos os fios de cabelo numa tacada só. Era uma mistura de formigamento com dor que me assustou. Mas acho que era de tensão mesmo. Porque assim como veio, foi embora. As reações do avonex também alcançaram picos inacreditáveis. E a fadiga me pegou direitinho em alguns dias.
E não adianta as pessoas virem dizer pra não se preocupar porque preocupação, tensão e estresse são mais amigos da EM do que de mim. Porque nessas horas a gente não racionaliza as coisas. Apenas sente.
Apesar disso, acho que fiquei melhor que das outras vezes que alguém da família ficou doente. Porque das outras vezes que a vó foi pro hospital era ela sair pra eu entrar. Dessa vez acho que não surtei. Deve ser coisa dessa felicidade que um leitor do blog chamou de patológica. Se ser feliz agora é doença, bom, então fui pega por essa doença também.
Dia 16 vou na neuro e daí conto tudo isso pra ela e veremos o que ela acha desses sintomas diferentes. Também, se for necessário algum tratamento agora, estou tranquila. Essa semana de férias me fez um bem danado. Mas agora, vamos voltar à realidade do trabalho, dos prazos e dos projetos.
E, se tudo der certo, mais uma semana e eu volto pra casa. Porque alguns dias sem fazer nada é bom, mas sair na rua e não ter um cinema na cidade, e, o pior, nenhuma livraria, é desesperador. Sem internet 24h eu descobri que eu vivo bem. Tendo umas duas horas por dia já dá pra fazer tudo que preciso. Mas sair na rua e só achar loja de eletrodomésticos, sapatos e farmácia, é dose!
Agora vou curtir um carteado e uma cerveja.
Até mais!
Bjs

P.S.: os cachorros da foto são a Suki e o Nick. A Suki eu ganhei de aniversário de 15 anos. Uma filha de poodle com sei lá o que... uma jaguara linda de pêlo liso. O Nick é filho dela com o Shake, poodle que era dos meus primos e que morreu ano passado. Um fofo... até hoje tem cara e jeito de filhote.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Seja bem vindo 2013



­­­Oi gentes, tudo bem?
Por aqui tudo bem! Vovó está em casa e estamos muito felizes por podermos comemorar juntos a entrada de um novo ano.
Tá cheio de gente por aí dizendo que “grandes coisa o ano novo... nada muda do dia 31 de dezembro pro primeiro de janeiro, só a data do calendário”. Pode ser verdade. Mas já que a nossa sociedade organizou o tempo dessa forma e decidiu que o dia 31 de dezembro encerramos um ciclo, porque não pensar nisso como uma oportunidade para sermos melhores e mais felizes do que no ano anterior?
Bom, eu fiz uma breve retrospectiva mental do meu ano e fiquei apavorada com tudo que eu fiz. Acho que nunca fiz tanta coisa interessante num período de doze meses. Em janeiro eu terminei de escrever minha dissertação de mestrado. Em fevereiro relaxei na praia e curti muito a minha família. Em março conquistei meu título de mestre, com louvor. Em abril me debrucei nos livros de Educação pra encarar a seleção de doutorado, que foi em maio e me rendeu alguns fios de cabelos brancos. Em maio também foi aquele encontro maravilhoso na Redenção, com outros esclerosados e esclerosadas do Rio Grande do Sul (amei conhecer vocês gente). Em junho eu fui aprovada no doutorado e tive que fazer uma pulsoterapia, ou vocês acham que a EM não tava atenta ao meu estresse e minhas noites mal dormidas? Ficou ali, esperando e deu o bote. Em julho, sobrevivi à Gripe A, escolhi um apartamento novo pra morar e participei do meu primeiro congresso em educação. Em agosto comecei o doutorado. Em setembro fui à Brasília no Encontro de EM (adorei conhecer o pessoal, conhecer a cidade, conversar com amigos que só conhecia virtualmente, em especial a Fabi e o Júlio). Aliás, obrigada pessoal da Novartis pelo convite, pela oportunidade e por serem tão legais (qualquer hora apareço aí em SP viu Raquel). Finalzinho de setembro ainda fui pro Rio de Janeiro na companhia da minha querida amiga Lúcia, apresentar um trabalho num congresso que me rendeu uma publicação internacional (to ficando fina), conheci o Cristo e quase perdemos o avião. O Rio é lindo, pena que eu tive pouco tempo pra passear. Outubro também foi o mês de arrancar os cabelos pra dar um jeito de conseguir ir no congresso de Cuba. E em novembro, fui pra terra de Fidel (experiêcia única). Finalmente dezembro, enfeites de natal e quando o mês parecia não trazer nenhuma emoção mais forte do que a que eu sinto escrevendo cartões de natal (ou recebendo presentes surpresas lindos), minha vó no hospital. Ufa! É coisa hein gente...
Fora os pequenos fatos, os detalhes que fazem toda diferença mas que não dá pra contar por falta de espaço, tempo, mão pra digitar e pelo decoro... hehehehe
Mas sabe, eu só fiz tudo isso porque tinha minha equipe de apoio por trás: Sônia, Renata, Raquel, Vilma, Manoel, Solange, Caco e Vini. Sem minha família, nada disso seria possível.
Também por conta de ter amigos queridos demais. Os de perto e os de longe. Não vou citar nomes, porque certamente esquecerei de alguém (cabeça de esclerosada sabe...hehehehehe). Mas vocês sabem quem são e o quão importantes são na minha vida.
Esse ano me deu amigos fantásticos sabe? Valeu 2012!
A cada final de ano, além de tentar lembrar os fatos importantes, as pessoas que ganhei e as que permanecem na minha vida, lembro também que esse ano foi o ano que muita gente recebeu o diagnóstico de EM. Que por conta disso, a maioria dessas pessoas deve estar pensando agora que esse foi um ano terrível, cruel e para ser esquecido. E para esses amigos eu digo que, talvez não seja fácil de pensar diferente sobre isso agora. Mas tentem pensar em 2012 como um ano de grandes mudanças. E lembrem que as mudanças não são necessariamente ruins. Que as mudanças, mesmo as chocantes ou que trazem algum sofrimento, podem trazer coisas boas se tentarmos olhar pra elas de outra forma. A mudança é inevitável. Façamos dela uma coisa boa em nossas vidas.
Que venha 2013, cheio de emoções, encontros, trabalho e surpresas pra gente!
Até mais!
Bjs

P.S.1: como a vó só voltou ontem pra casa, hoje vou abrir minha champagne de ano novo.
P.S.2: volto pra Porto Alegre e para o mundo conectado depois do dia 15. Me aguardem!