sábado, 9 de novembro de 2013

Diário de Viagem - Dinamarca - parte 4 (e final)


Roseiral no Castelo de Rosenborg
Oi queridos, tudo bem?
Já conseguiram ler todos os posts da viagem? Então vamos ao último (quer dizer, o último dia, não o último post que essa viagem vai gerar, porque tem bastante coisa ainda...).
Bom, no último dia nós embarcaríamos somente à tarde pra voltar pra casa, o que nos dava uma manhã de passeio. E como ainda não tínhamos entrado em nenhum castelo, fomos ao castelo de Rosenborg. Sabe né, eu não conseguiria sair de um lugar que tem um castelo real em cada esquina sem entrar em nenhum deles.
Então de manhã tomamos café, fechamos as malas e fomos pro castelo de Rosenborg, que é um castelo do século XVII, construído durante o reinado de Christian IV e e lá que fica guardado (e à mostra) parte do tesouro real. Fomos lá ver se descolávamos uma coroa de diamantes, uma bengala cravejada de rubis e esmeraldas...sei lá né!
O lugar é lindo, os objetos que tem lá dentro são magníficos, as coroas são exuberantes e é inacreditável o quanto brilha essas pedrinhas gente...
Vou tentar resumir (ou não tanto) o dia em imagens pra vocês:

No último dia conseguimos tomar café todos juntos
Rodrigo, Jefferson, Jobson, euzinha e a Grayce (atrás da máquina), chegando no castelo. A
Marcia foi acompanhar a Thais na busca por uma loja da Harley, promessa de presente né Thais?

Era tanto detalhe dentro do castelo que nem sei como escolher alguma coisa pra mostrar

O legítimo "trono" real... banheiro do rei... se o rei peidasse ali, saía um gás nobre? hahahahaahha (piadinha sem graça)

Violão das festchenhas do rei... esse agrega valor ao camarote... se vocês vissem de pertinho, iam ficar
bobos como a gente ficou...é muita pedraria pra um instrumento musical só.
 
Que tal uma antesala de quarto assim hein? Acho que enjoa né? hehehehee

Trupe reunida em um dos salões reais

Teto decorado...coisinha simples

Coroa singela do rei Christian IV

As bengalas que a gente pensou em pedir emprestadas

Mais umas coroas... essas aí tinham uma escadinha pra ver de cima cada detalhe...
eu quase fiquei cega olhando elas. Lindas demais!

Quero uma dessas...sei lá, pra ir no mercadinho da esquina...hehehehe

Vista dos fundos do castelo

Olha os patos de novo...adorei!

Essa é a maravilhosa vista do roseiral do castelo... o cheiro das rosas coloridas em flor é inexplicável

Essa é uma rosa dinamarquesa... ela é enorme, cheirosa e linda. Fiquei louca de vontade de trazer uma pra minha mãe,
porque rosas amarelas são suas flores preferidas. Mas não podia arrancar uma né? Aí tirei essa foto.
Acreditam que uns 3 passos adiante tinha uma inteirinha no chão? Trouxe no bolso do casaco e está na nossa estante de livros.



Aí vocês vão me perguntar: mas Bruna, tinha acessibilidade no castelo? Não! Nenhuma. Acho que eles até já poderiam ter feito algumas coisas de acessibilidade pra hoje em dia né. Mas nada. Só uns banquinhos pras pessoas que cansassem sentar nos salões. Nós subimos e descemos tudo de escada mesmo.
Ó aí o Rodrigo e o Jefferson subindo uma escadinha básica
Conversando sobre isso lá no castelo mesmo alguém disse: ah, é que deficiente era tudo morto mesmo né? Nãna, nina, necas! Na época em que esse castelo foi construído, pessoas com deficiências eram vistos como duas coisas: seres demoníacos ou seres mágicos e divinos. Então, ou eram tratados como demônios e eram mortos mesmo, ou eram vistos como bençãos, seres que seriam capazes de adivinhar o futuro, prever acontecimentos, dizer o que seria certo a se fazer, etc. E, por isso, seriam pessoas que o rei queria muito por perto. Fora os deformados que eram tidos como sinônimo de divertimento...não é de hoje que se ri dos problemas dos outros :P
E quem disse que escrever uma dissertação sobre deficiência não ia servir pra nada né? Isso aí tá lá na minha dissertação: como a pessoa com deficiência é representada através dos tempos...
Desculpem meu surto acadêmico, mas eu fico tão feliz quando uma coisa que estudei salta aos olhos sabe? Coisa de maluco, eu sei...mas fazer o que.
Tudo muito lindo, tudo muito rico...mas não foi nada de dentro do castelo que me conquistou não. Se me perguntarem qual foi a coisa mais linda que eu vi na Dinamarca, que lugar eu ficaria mais alguns minutos, o que me vem à mente quando fecho os olhos e penso nessa viagem, eu respondo: a árvore do castelo.
A árvore é essa aí ó



Eu não sei explicar...mas quando a gente passou o portão principal e eu vi essa árvore ao lado do castelo, fiquei de queixo caído, hipnotizada pelo movimento das folhas com o vento forte que batia... e tinha um som lindo. Fiquei paralisada mesmo com a beleza daquela árvore, naquele local. Se tivéssemos mais tempo, ia deitar embaixo dessa árvore e ficar só admirando a beleza do movimento dela. Uma pena que não dá pra passar pra vocês nem o som da árvore, nem o movimento dela, nem o que eu senti estando ali...
Coisa de maluca mesmo, ficar mais encantada com uma árvore do que com diamantes


Pra quem quiser dar mais uma olhada no castelo, achei um videozinho legal no youtube:



Bom, depois de darmos uma voltinha, precisávamos voltar pro hotel, pegar as malas e ir pro aeroporto. Foi um pouco tenso, porque o táxi pra 7 pessoas que havíamos pedido não chegava, aí fomos tentar pegar dois táxis e acabamos brigando com o taxista. Quer dizer, ele brigou com a gente... enfim, depois dele pegamos um táxi só para todos nós, com um taxista muito gente fina que não só ficou indignado com a atitude do colega como conversou com a central de táxis lá e devolveram o dinheiro do outro táxi (o cara fez pagar, pode?).
Chegamos ao aeroporto, horário certinho, check-in feito com as malas mais pesadas, sorrisos mais largos e corações mais leves.

Rodrigo, Grayce, Robson, Márcia filmando e Jefferson fotografando minutos antes da partida
A viagem de Copenhagen até Munique foi bem tranquila. Em Munique, na volta, aproveitei pra comprar as muambas de free shop clássicas: perfume e chocolate. E comprei uma agenda lindérrima pra usar em 2014 e lembrar dessa viagem linda todos os dias. Porque eu vivo com a agenda embaixo do braço. Me tirar a minha agenda é o mesmo que tirar minha memória e organização todinha ao mesmo tempo. Comprei uns presentinhos também por lá. E o Sr. Rodrigo nos deu um susto querendo sair todo pimpão da cadeira de rodas que estava usando e voltando da loja cambaleando... Eu sei como pode ser chato ficar na cadeira de rodas, e como quando a gente tá assim acha que tá atrapalhando as pessoas que estão juntos. Mas acho que atrapalha mais se se esborrachar no chão né? Então gente, caminhar muito, longas distâncias em aeroportos, shoppings, supermercados não é com a gente, muito menos com esclerosado fadigado. E não tem nada de feio em andar na cadeira de rodas de locais públicos não. Eu acho super diva ficar ali, na mordomia, sendo empurradinha, só pedindo onde quer ser levada. Bem mais prático e, o mais importante, seguro!
Na hora do embarque fomos lá os primeiros e, os primeiros também a ver a cagada que quem comprou as passagens fez: duas passagens eram em saídas de emergência e uma era na última poltrona do avião. Primeiro: pessoas com deficiência, crianças ou pessoas que não se achem aptas mesmo sem ter problema algum, não podem viajar nas saídas de emergência. Ou seja, não poderíamos ir nas saídas de emergência. A minha poltrona era na última fileira... fora o desconforto de não poder reclinar o banco por mais de 10h, eu estava há léguas de distância do banheiro. Se me desse vontade de fazer xixi, até tirar o cinto e chegar no banheiro, que é no meio do avião, certamente um acidente urinário aconteceria.
Resultado: atrasamos o voo!
Ficamos ali, negociando com as pessoas pra trocar de lugar e ficar pertinhos uns dos outros, perto do banheiro e não na saída de emergência. Apenas um senhor, brasileiro, chato e xonho não quis trocar o lugar pra nos ajudar, isso que a gente fazia todo aquele discurso da doença, de cachorro abandonado na mudança  e carinha do gato do shrek né. E, vocês sabem, eu sou ruim mesmo, fiquei pensando: tomara que quebre a perna. Desculpa gente, não consigo pensar outra coisa nessas horas. Nem horas depois. E, como vocês podem ver, nem um mês depois...ehhehehehehehe
Em compensação, as outras pessoas foram muito queridas e eu, que pensei que teria a maior dificuldade de trocar de lugar por ser o pior lugar do avião, tive dificuldade nenhuma. O senhor que estava no banco entre meus parceiros de viagem era uma alemão, simpaticíssimo, que falava português e estava vindo pro Brasil com os filhos e que topou na hora trocar. Um detalhe: ele comprou passagem de primeira classe pra esposa e filhos e a dele na econômica, porque eles precisavam de mais conforto e ele podia ir em qualquer lugar. Um gentleman, certo?
Tomara que a temporada dele nas praias brasileiras tenha sido divina!
Eu estava exausta na volta. Depois de um lanchinho vendo Superman - O homem de aço (muito bom), dormi até o café da manhã, uma hora antes de chegarmos em Guarulhos.
Lanchinho

Jantinha


No desembarque de Guarulhos eu e a Marcia nos despedimos do Rodrigo, da Thais, do Jefferson, do Jobson e da Grayce, com a certeza de que formamos ali um grupo de amigos muito legal e que logo nos reencontraremos.
Eu e a Marcia ainda teríamos mais algumas horinhas no aeroporto, eu teria só mais uma hora e meia de voo pra chegar em casa e a Marcia, além disso, mais umas três horas (pelo menos) de carro até à casa dela. Já estávamos exaustas e eu, além de cansada, tava com uma puta dor nos pés, mais no direito... Pior, não achava a dita cuja da minha bengala na mala, de tanta coisa que veio dentro.
Enfim, esperamos sentadinhas na sala de embarque. Como a minha mão tava muito seca (acho que do frio dinamarquês), fiquei experimentando todos os cremes de mão no free shop...hehehehehe. 
Ao chegar em casa, quase nem acreditei que tinha passado os últimos dias na Dinamarca. E quase não acreditei no tamanho que estavam meus pés quando eu tirei o sapato. Os dois incharam muito. O direito mais, por isso estava doendo tanto. Fiquei deitada de perninha pra cima contando parte das aventuras pra minha família.
Foi uma viagem maravilhosa! Uma experiência única com pessoas muito especiais.
Meu muito obrigada à Novartis por ter reconsiderado a ideia de cancelar a nossa viagem. Mesmo os erros cometidos pelos organizadores da viagem serviu pra alguma coisa: agora estou bolando um manualzinho do que devemos fazer antes de planejar uma viagem pra pessoas com EM. Assim, os próximos não precisarão se preocupar ou perder tempo com coisas desnecessárias. 
Meu muito obrigada aos meus parceiros de viagem, que me aguentaram falando enlouquecidamente durante todos esses dias! Adorei conhecer cada um de vocês! Aprendi muito com todos e levarei vocês no meu coração sempre! Espero que possamos nos encontrar em outras oportunidades, tão felizes quanto foi essa.
A campanha MSandOurStory, da Novartis continua. Vocês podem mandar vídeos, histórias escritas, etc. Não sabemos ainda se haverá uma nova viagem em 2014 para novos vencedores ou como vai ser a partir de agora. Sei que algumas pessoas enviaram seus vídeos e ainda não foram publicados. Quem entrou em contato comigo eu já falei com o pessoal responsável por isso na Novartis e eles estão providenciando a publicação dos seus vídeos também.
Agora, nós que fomos pra Dinamarca somos embaixadores dessa campanha. Não sei exatamente o que um embaixador faz. Eu contei pra vocês como foi a nossa viagem pra mostrar pra vocês como foi linda, como valeu a pena eu contar em 3 minutinhos uma pequena história que eu tive com a EM. 
Uma das coisas que complica essa campanha da Novartis é o fato de as pessoas precisarem mostrar a sua cara e associá-la à doença. Talvez o pessoal que faz campanha (amigos comunicólogos, me desculpem), não entendem o quanto é difícil admitir que se tem uma doença. Isso é difícil até num nível interno, de admitir pra si mesmo. É muito difícil e raro encontrarmos pessoas que estejam dispostas a colocar na internet, que é uma rede mundial, seu rosto, sua voz, sua vida dizendo "sim eu tenho essa doença, sim eu passei por isso, sim eu aceito essa doença na minha vida por pior que ela seja". As consequências de expor publicamente que se tem uma doença tão desconhecida como a EM podem ser maravilhosas assim como podem ser desastrosas. E nem todo mundo está disposto a testar que consequências são essas que virão. 
E é por isso que eu acho que esses meus amigos que foram comigo na viagem são tão especiais. Porque já aceitaram a doença. E aceitar não é tão fácil quanto pode parecer. Expor publicamente então, é algo mais complicado ainda. Rodrigo, Márcia, Jefferson, Jobson e Grayce: vocês tem todo meu carinho, respeito e admiração! Além da amizade e apoio também. Porque independente de sermos pessoas diferentes, com ideais diferentes, posições diferentes, criações diferentes ou diferentes formas de ver o mundo, temos muito mais coisas em comum e que nos une: a vontade de ser feliz, de vencer sempre independente das adversidades, de fazer desse mundo um mundo de maior compreensão e respeito às diferenças. Ah, e tem a EM também...



Muito obrigada Márcia!

Muito obrigada Jefferson!


Muito obrigada Grayce e Jobson!



Muito obrigada Rodrigo!



 Muito obrigada Thaís!
E quem quiser curtir mais fotinhos dessa turma, olha que lindo o vídeo que a Grayce montou com uma música que eu a-do-ro!


Finalizando o diário de viagem...espero que tenham gostado!
Logo eu posto o Guia do Viajante Esclerosado pra facilitar a vida de quem tem EM e quer voar as tranças por aí também!
Ah, e essa semana promete muita história pra contar...inventei umas modas aí que no mínimo vai dar post...heehhehe... aguardem!
Até mais!
Bjs

7 comentários:

  1. Ainda bem que tem gente que nem você disposta a falar abertamente sobre a EM na internet, isso é muito importante para divulgar a EM =)

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  2. Bruna querida! !!! Li tudinho de uma vez só! Me senti sua companheira nessa sua aventura. ...fico mega impressionada com seu dom para escrever, tenho certeza que um dia vou ler um livro seu hehehehehe!!!
    Continua bem, espero poder te ver de novo. ..agora que conheço sua voz, parece que te escuto contando as histórias! !!! Grande bjo!
    Adorei a nova carinha light do blog :-D. Bia

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    1. Se sentiu comigo lá? Que bom! Porque eu levei vocês no coração de verdade!
      Sobre o livro...quem sabe...vai que uma editora me descobre....hahahahahahha
      Até lá continuo uma contadora de histórias aqui, ao vivo, numa roda de chimarrão ou num café...
      Bjaaaaum!

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  3. Bruna adorei seu relato da viagem. Vc escreve muito bem e é gostoso seu jeito de escrever. Parece que estamos juntas e vc conversando como uma diva com seu chá, nos contando suas idas e vindas.
    Parabéns por estar entre os vencedores do concurso e por ter feito essa linda viagem.
    Aguardo o post das modas que está inventando.
    Bjs
    Fabi

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    1. Obrigada Fabi!!!!
      Só faltou o chá né? Se bem que eu peguei uns chás lá no aeroporto de Munique e ainda não tomei todos. Tá em tempo de vc vir me visitar e tomar chá importado...hehehehe
      Bjsss

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  4. Boa noite Bruna,
    Tenho 52 anos e descobri há mais ou menos uns dois meses que sou portadora da Esclerose Múltipla. A princípio fiquei muito triste, mas depois resolvi que precisava reagir e continuar minha vida. Tem sido muito difícil em alguns momentos, mas me agarro na Fé de que tudo será menos difícil do que imagino. Sem falar na coragem que dá na gente quando nos deparamos com vc e sua reação perante à doença. Tenho formigamentos em algumas partes do corpo, um pouco de falta de equilíbrio e rigidez nas pernas pela manhã. Sem falar da fadiga que é grande em certos momentos. Estou fazendo a pulsoterapia e ainda não comecei a tomar os medicamentos. Apresentei apenas uma lesão no cérebro e umas duas na medula cervical. Acredito que tive um surto em
    agosto, pois tive dificuldades para subir e descer escadas após tomar um antibiótico chamado Levofloxacino para Sinusite. A partir daí tais sintomas foram aparecendo e o quadro foi fechado após pulsão (liquor). Às vezes fico confusa sobre o tratamento. Na verdade, ainda sem reação para conversar direito com o meu neurologista.Tudo é muito impactante e interfere até na hora de fazer as perguntas para o médico.Moro no interior do RJ, com poucos profissionais da área e como vc já convive com EM há anos, talvez possa me tirar uma dúvida: Com apenas essas lesões e um surto, e ossintomas que citei anteriormente, já me será indicado um centro de referência para tratamento com o interferon ou outros..?Tenho me espelhado em histórias de sucesso como a sua. Mesmo sem conhecê-la já a admiro pela sua capacidade de enfrentar tudo e ainda ajudar às pessoas que tb enfrentam esta situação. Agradeço muito sua atenção. Um forte abraço, Mª. Roseli

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